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Governo Trump suspende normas ambientais impostas aos carros

Novas regras suspendem ordem dada pelo governo Obama aos fabricantes de construir mais veículos menos poluentes e mais eficientes no consumo de combustível

Carros: governo Trump afirma que as normas do governo de Obama contribuíram para aumentar o preço médio dos automóveis (./Reprodução)

Carros: governo Trump afirma que as normas do governo de Obama contribuíram para aumentar o preço médio dos automóveis (./Reprodução)

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AFP

Publicado em 2 de agosto de 2018 às 19h15.

O governo de Donald Trump suspendeu nesta quinta-feira as normas de limite de poluição obrigatórias para os carros, uma decisão qualificada de "estúpida" pela Califórnia, estado pioneiro em veículos "limpos", que prometeu se opor por todos os meios.

As novas regras, menos exigentes, foram propostas em conjunto pela Agência de Proteção Ambiental (EPA) e pela Agência de Segurança Rodoviária (NHTSA).

Estas suspendem a ordem dada pelo governo Obama aos fabricantes de automóveis de construir mais veículos menos poluentes e mais eficientes no consumo de combustível, incluindo carros híbridos e elétricos.

Denominadas "CAFE" (Corporate Average Fuel Economy), as normas vigentes até agora previam aumentos graduais da autonomia dos veículos até atingir um objetivo de 54,5 milhas por galão de gasolina (100 quilômetros por cada 4,32 litros) em 2025.

Não foram estabelecidas por veículo, mas por linha de cada companhia fabricante. Para cada modelo que consome muito combustível, deveria-se fabricar também um modelo que consuma pouco ou nada (por exemplo, carros elétricos), e a média de consumo das linhas devia cumprir a norma agora suspensa.

Os novos padrões limitam o objetivo a 37 milhas por galão a partir de 2021 e estão em linha com a vontade de Donald Trump de desmantelar a maior parte do "plano climático" estabelecido por seu antecessor.

O presidente republicano também decidiu retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris sobre o Clima, alegando que este prejudica os interesses econômicos do país.

Longa batalha

As novas normas também buscam eliminar a isenção para certos estados, como a Califórnia, de estabelecer regras ainda mais estritas que o resto do país nesta questão.

Doze estados fazem isso e estimulam assim os fabricantes de carros a se alinharem com suas normas, em vez de com as federais, para poder vender seus automóveis.

"Nossa proposta busca atingir um equilíbrio regulatório baseado na informação mais recente e implementar uma solução para os 50 estados que permita a mais americanos comprarem um veículo menos poluente, seguro, novo e mais barato", disse Andrew Wheeler, chefe da EPA.

As novas regras, que entrarão em vigor neste inverno, podem levar a uma longa batalha legal e política com a Califórnia e a dois mercados automotores separados nos Estados Unidos.

"A Califórnia lutará contra esta (decisão) estúpida com todos os meios à sua disposição", reagiu imediatamente no Twitter Jerry Brown, governador do estado.

A líder democrata na Câmara de Representantes e legisladora pela Califórnia, Nancy Pelosi, considerou que o projeto é uma "perigosa agressão" contra as leis de seu estado sobre saúde pública, e criticou este "ataque injusto e ilegal" do governo Trump, que "vai asfixiar nossas comunidades com uma nuvem de poluição".

"Trata-se de propostas e não de normas definitivas", afirmou Sarah Sanders, porta-voz da Casa Branca. "Tomaremos a decisão no fim do ano".

As companhias automotoras convocaram ambas as partes a buscarem um terreno de entendimento: "Exortamos a Califórnia e o governo federal a encontrarem uma solução sensata para que se continue aplicando as normas de poluição eficazes que também tenham em conta as necessidades dos motoristas americanos", declararam a Auto Alliance e a Global Automakers, dois grupos de pressão que reúnem os principais fabricantes no mercado americano.

O governo Trump afirma que as normas do governo de Obama contribuíram para aumentar o preço médio dos automóveis, agora de 35.000 dólares, ou seja, 2.340 dólares a mais, o que leva os consumidores a não trocarem de carro.

Isto faz com que se privem de contar com novos automóveis equipados com as últimas tecnologias que os tornam mais seguros. Consequentemente, afirmam as autoridades reguladoras, a suspensão desses padrões permitirá aos americanos economizarem milhares de dólares e reduzirem o número de mortes nas estradas.

"Trump tenta justificar com cinismo este retrocesso com um desfile de horrores inventados", afirmou Daniel Baker, da ONG ambientalista Safe Climate Campaign. "Isto levará a mais veículos poluentes, mais custos para os consumidores e não salvará nenhuma vida".

Com a queda dos preços da gasolina nos últimos anos, os consumidores americanos passaram a comprar veículos maiores e mais poluentes, e os 4X4 e "pick ups" representam agora mais de 60% das vendas.

Os que se opõem às novas normas têm um período de 60 dias para expressar suas críticas.

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