Maconha: além da droga pronta para a venda, foram destruídos 278 hectares de plantação de cannabis (Lucy Nicholson/Reuters)
Vanessa Barbosa
Publicado em 4 de janeiro de 2018 às 16h30.
Última atualização em 4 de janeiro de 2018 às 16h44.
São Paulo - O célere avanço do movimento de legalização da maconha nos Estados Unidos pode estar com os dias contados. Três dias após a Califórnia ter liberado o uso recreacional da droga em seu território, o Departamento de Justiça americano revogou uma política da era Obama responsável por abrir caminho para que a descriminalização da maconha ganhasse fôlego nos estados de todo o país. A informação foi obtida na tarde desta quinta-feira pela agência Associated Press e confirmada em posterior coletiva de imprensa do Departamento de Justiça.
Seis estados americanos já legalizaram a maconha para uso recreativo -- entre eles Colorado, Washington, Oregon, Alaska e Nevada -- e as vendas da Califórnia, recém-chegada ao grupo, deverão gerar US$ 1 bilhão anualmente em receita fiscal nos próximos ano, sendo um dos maiores mercados comerciais regulamentados de venda e consumo da droga. Outros dois, Massachusetts e Maine, caminham para o mesmo destino.
Pela legislação federal, a venda, compra e posse da erva é considerada ilegal, no mesmo nível que a heroína. Mas a aplicação dessa lei varia muito entre os estados do país — ao menos 30, por exemplo, contam com programas de uso medicinal da maconha.
Em 2013, após os eleitores do Colorado e do Estado de Washington votarem para descriminalizar a maconha para uso recreativo, o Departamento de Justiça deliberou sobre como lidar as tensões geradas pela existência de leis e regulamentações conflitantes.
Em última análise, a administração Obama decidiu não processar os estados que votassem pela liberação da erva e o Departamento de Justiça emitiu um memorando de política que orienta os promotores federais a ignorar os processos judiciais relacionados à maconha nos estados que votassem pela legalização - exceto em certos casos, como quando há vendas para crianças, atividades relacionadas a gangues, ou desvios do produto para estados onde a droga ainda é ilegal, relata o The New York Times.
Agora, com a revogação da política da era Obama, a administração Trump libera os promotores federais a levarem a diante eventuais processos contra a legalização, o que, segundo o jornal americano, ameaça efetivamente minar o movimento de legalização nos EUA.
Para o NYT, ainda não está claro se a administração pretende levar a cabo uma forte repressão federal ao comércio e uso da droga, ou se está simplesmente "brandando seu sabre" para criar ambiguidades e dúvidas que poderiam frear o crescimento do negócio semi-legal de maconha no
país.