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Governo Trump critica Brasil e sugere violação da soberania

Departamento de Estado considera incompatível com valores democráticos a imposição de multas e bloqueio de plataformas de redes sociais; Brasil deve responder

Governo dos EUA critica bloqueio de redes sociais no Brasil (Ludovic MARIN /AFP)

Governo dos EUA critica bloqueio de redes sociais no Brasil (Ludovic MARIN /AFP)

Publicado em 26 de fevereiro de 2025 às 18h28.

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O Departamento de Estado dos Estados Unidos se manifestou nesta quarta-feira, 26, contra as ações do governo brasileiro que envolvem o bloqueio de redes sociais e imposição de multas a empresas norte-americanas. A crítica foi expressa por meio de uma postagem no perfil do Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental, ligada à pasta, que considera tais decisões “incompatíveis com os valores democráticos” e uma violação da liberdade de expressão.

A postagem, compartilhada pela Embaixada dos EUA no Brasil, enfatizou que o respeito à soberania deve ser uma “via de mão dupla” entre os países parceiros, incluindo o Brasil. A crítica foi direcionada especificamente à recente determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que ordenou o bloqueio da Rumble no país. Moraes alegou que a rede social havia descumprido ordens judiciais e não havia indicado um representante legal no Brasil, o que violaria a legislação brasileira.

O governo dos EUA, sob a gestão de Donald Trump, se posicionou pela primeira vez sobre o caso, sem citar diretamente o nome do ministro, mas fazendo referência a sua decisão judicial. As autoridades americanas consideram que o bloqueio e as multas impostas a empresas sediadas nos EUA por se recusarem a censurar indivíduos são incompatíveis com a democracia, argumentando que tais medidas afetam o direito à liberdade de expressão.

O governo brasileiro, por sua vez, se prepara para se manifestar em resposta à crítica, e a expectativa é que o Itamaraty divulgue uma nota oficial em breve. Essa situação coloca o Brasil em uma posição delicada, já que as decisões de Moraes, focadas em plataformas associadas a apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, também tocam em questões de ataques à democracia e desinformação.

Além da decisão de bloquear a Rumble, Moraes havia anteriormente solicitado a suspensão da conta do blogueiro Allan dos Santos, um dos principais aliados de Bolsonaro, que se encontra foragido e é alvo de mandado de prisão no Brasil.

O embate legal envolvendo o ministro e as empresas de tecnologia não é novo. A Rumble, juntamente com a Trump Media, entrou com uma ação nos Estados Unidos contra Moraes, alegando que ele violou a soberania americana ao tentar impor suas decisões no território dos EUA. A ação, que tramita em um tribunal federal da Flórida, foi rejeitada pela juíza Mary Scriven, que argumentou que as decisões do ministro brasileiro não têm efeito sobre a jurisdição americana.

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