Mundo

Reino Unido publicará análise legal do Brexit após ser acusado de desacato

Segundo parlamentar trabalhista, nunca antes a Câmara dos Comuns havia acusado ministros de desacatar o parlamento

Brexit: governo aceitou divulgar o documento após perder a moção da oposição que lhe acusava de desacato ao parlamento por ter descumprido mandato que já lhe exigia a publicação dessa análise legal (Neil Hall/Reuters)

Brexit: governo aceitou divulgar o documento após perder a moção da oposição que lhe acusava de desacato ao parlamento por ter descumprido mandato que já lhe exigia a publicação dessa análise legal (Neil Hall/Reuters)

E

EFE

Publicado em 4 de dezembro de 2018 às 16h56.

Última atualização em 4 de dezembro de 2018 às 16h57.

Londres - A Câmara dos Comuns do Reino Unido aprovou nesta terça-feira, 4, a moção que acusa o governo de "desacato" ao parlamento por não ter publicado toda a análise legal recebida sobre o acordo do Brexit, como lhe exigia um mandato anterior.

Em resposta, a líder conservadora nos Comuns, Andrea Leadsom, anunciou que o Executivo divulgará amanhã a análise "completa e definitiva" realizada pelo advogado-geral do estado, Geoffrey Cox.

O governo aceitou divulgar o documento após perder a moção da oposição que lhe acusava de desacato ao parlamento por ter descumprido outro mandato de 13 de novembro que já lhe exigia a publicação dessa assessoria legal.

Em uma decisão sem precedentes, 311 deputados, entre eles alguns conservadores, votaram a favor de impulsionar um processo contra o Executivo - frente a 293 que votaram contra - por considerar insuficiente o relatório resumido divulgado ontem na Câmara por Cox.

A moção, que pedia que o governo publique a análise completa de Cox, foi apresentada pelo Partido Trabalhista, o Partido Nacionalista Escocês (SNP), o Partido Democrático Unionista (DUP) da Irlanda do Norte - parceiros do Executivo -, o Partido Liberal Democrata, o galês Plaid Cymru e os Verdes.

Após o êxito do seu texto, o porta-voz trabalhista do Brexit, Keir Starmer, disse que os fatos de hoje "têm uma enorme relevância política e constitucional". "Nunca antes a Câmara dos Comuns acusou os ministros de desacatar o parlamento. É lamentável que o governo tenha deixado que as coisas chegassem até aqui", afirmou.

Os deputados querem examinar o relatório do advogado-geral do Estado antes de votar nos Comuns sobre o acordo para a saída da UE e a futura relação bilateral no próximo dia 11 de dezembro.

Antes de aprovar a moção da oposição, a Câmara rejeitou, por 311 votos contra 307, uma emenda apresentada pelo governo, que pedia que enviasse o caso de suposto desacato à Comissão de Privilégios para que o analisasse no contexto "histórico e constitucional".

Durante o debate de hoje, Leadsom argumentou que divulgar a análise legal completa iria contra "o interesse geral" e vulneraria o direito do Executivo a receber assessoria legal confidencial.

No entanto, a oposição e alguns conservadores sustentaram que o Brexit apresenta circunstâncias extraordinárias e os deputados devem ter toda a informação disponível antes de votar sobre o acordo na próxima semana.

A expectativa é que a primeira-ministra Theresa May compareça nas próximas horas diante dos Comuns para dar início ao debate de cinco dias sobre o acordo pactuado com Bruxelas, ao qual se opõem deputados dentro e fora do seu partido.

Acompanhe tudo sobre:BrexitIrlandaReino UnidoTheresa May

Mais de Mundo

Trump nomeia Chris Wright, executivo de petróleo, como secretário do Departamento de Energia

Milei se reunirá com Xi Jinping durante cúpula do G20

Lula encontra Guterres e defende continuidade do G20 Social

Venezuela liberta 10 detidos durante protestos pós-eleições