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Governo prevê R$65 bi para estimular etanol em 4 anos

O plano visa elevar a produção de etanol após uma queda de quase 20 por cento na atual temporada no centro-sul do Brasil

Com o programa, o ministério prevê um aumento de mais de 5 milhões de hectares na área de cana no Brasil (DIVULGACAO)

Com o programa, o ministério prevê um aumento de mais de 5 milhões de hectares na área de cana no Brasil (DIVULGACAO)

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Da Redação

Publicado em 24 de fevereiro de 2012 às 18h56.

São Paulo - O governo lançou nesta sexta-feira um plano que prevê financiamentos da ordem de 65 bilhões de reais até 2015 ao setor de cana-de-açúcar com o objetivo de expandir a oferta da matéria-prima para a produção de etanol no Brasil, informou o Ministério da Agricultura.

O plano visa elevar a produção de etanol após uma queda de quase 20 por cento na atual temporada no centro-sul do Brasil , região que responde por cerca de 90 por cento da moagem de cana, que sofreu os efeitos de problemas climáticos e do envelhecimento dos canaviais, após anos de investimentos insuficientes.

A proposta do ministério é atender "à crescente demanda nacional e o potencial do mercado externo por etanol", por meio de estímulo ao plantio de novas áreas e da renovação dos canaviais.

Com o programa, o ministério prevê um aumento de mais de 5 milhões de hectares na área de cana no Brasil, ante os atuais 8,4 milhões de hectares, além da renovação de 6,4 milhões de hectares de canaviais envelhecidos até 2015.

Na atual temporada, os motoristas de carros flex optaram em sua maioria pela gasolina, mais competitiva na comparação ao etanol hidratado, em meio à alta dos preços pela quebra de safra e ao controle da cotação do combustível fóssil pelo governo.

A fonte dos recursos do programa ainda não está totalmente definida. Mas o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que já tem um programa de 4 bilhões de reais para a renovação dos canaviais em 2012 , é uma das instituições que ofertará crédito, segundo o ministério.

O governo também quer o setor bancário destine um maior volume dos recursos obrigatórios para o financiamento do setor de cana, assim como busca fomentar investimentos privados.


"O plano pretende propiciar as condições necessárias para atrair investimentos privados e, desta forma, a retomada de crescimento do setor sucroalcooleiro", disse o ministério em nota, citando o secretário de Produção e Agroenergia, Gerardo Fontelles.

Uma definição sobre essas e outras questões poderá ocorrer na próxima reunião do Conselho Monetário Nacional, na quinta-feira que vem, segundo a assessoria de imprensa do ministério, que acrescentou que o plano para a expansão do etanol já está previamente acordado com outros ministérios, como Minas e Energia e Fazenda.

O programa -  Para a renovação dos canaviais, o plano do governo prevê financiamentos da ordem de 29 bilhões de reais, divididos da seguinte forma: 9,9 bilhões de reais em 2012; 5,4 bilhões de reais em 2013; 7,3 bilhões de reais em 2014; e 6,5 bilhões de reais em 2015, segundo a assessoria do ministério.

O objetivo é renovar até 2015 cerca de 6,4 milhões de hectares de canaviais, disse o governo, acrescentando que atualmente há canaviais que estão no sexto corte, idade acima do ideal. O setor de cana reduziu investimentos após a crise financeira de 2008, o que impactou fortemente a produtividade a atual safra.

A produtividade da cana no centro-sul do Brasil caiu mais de 15 por cento na safra 2011/12 na comparação com a média histórica.

A segunda ação planejada pelo governo é apoiar o setor para que se acabe com alta ociosidade que existe atualmente na indústria, em função da quebra de safra.

Para isso, o governo prevê 8,5 bilhões de reais até 2015, ampliando a área plantada em 1,4 milhão de hectares no período, com um aumento anual de 355 mil hectares.

Segundo a nota, a ociosidade média estimada das usinas é de cerca de 16 por cento.

Uma terceira ação visa ampliar a área plantada para proporcionar o crescimento da indústria de etanol.

"A demanda por etanol prevista, até 2015, vai exigir ampliação das áreas de produção de cana-de-açúcar em 3,8 milhões de hectares que envolverão recursos na ordem de 23 bilhões de reais", disse o ministério.


O governo está propondo ainda para o Conselho Monetário Nacional uma linha de financiamento à estocagem de etanol para que as usinas produtoras possam distribuir a produção ao longo do ano. Esse programa teria recursos da ordem de 4,5 bilhões de reais em um primeiro ano.

As medidas contarão com o trabalho da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que deverá receber recursos da ordem de 40 milhões de reais, até 2015, para o desenvolvimento de variedades resistentes à seca e adaptadas à região Centro-Oeste.

Repercussão -  Para o presidente da União dos Produtores de Bioenergia (Udop), Celso Torquato Junqueira, a questão que se levanta agora é como ficará o acesso ao recursos, especialmente para o caso de produtores independentes, que não estão ligados a grandes grupos industriais.

"São duas questões, uma é a disponibilização dos recursos e a outra é questão do acesso... Eu tenho uma preocupação de que os recursos não cheguem onde precisam (chegar)", disse o presidente da associação que representa produtores no noroeste de São Paulo, em sua maioria, com associados também no Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais.

Segundo ele, como a operacionalização desses recursos independe de vontade política, mas de instituições financeiras, só será possível avaliar se o acesso foi mais amplo ao longo do processo de liberação dos recursos.

"Uma coisa é que precisamos recuperar a produção perdida... a outra é que temos que ampliar a produção para atender o crescente mercado de carro flex, o crescimento vegetativo do consumo mundial do açúcar e novos mercados específicos do etanol aditivo", acrescentou.

A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) disse por meio de sua assessoria de imprensa que o programa representa praticamente a continuidade do que havia sido anunciado para este ano. Em entrevista à Reuters recente, o diretor-técnico da Unica, Antônio de Pádua Rodrigues, havia chamado a atenção para a importância de programas com o do BNDES serem replicados.

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