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Governo libera uso de agrotóxicos sem registro no país

A decisão permite o uso de defensivos agrícolas que tenham em sua composição o benzoato de emamectina, substância tóxica para o sistema neurológico

Em março, diante da praga da lagarta quarentenária A-1 Helicoverpa armigera, representantes do Mapa solicitaram uma reunião extraordinária do CTA para a liberação do benzoato (Charles ORear/USDA/Reprodução)

Em março, diante da praga da lagarta quarentenária A-1 Helicoverpa armigera, representantes do Mapa solicitaram uma reunião extraordinária do CTA para a liberação do benzoato (Charles ORear/USDA/Reprodução)

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Da Redação

Publicado em 10 de abril de 2013 às 09h56.

Última atualização em 18 de setembro de 2019 às 16h44.

Brasília - Mesmo com dois pareceres técnicos contrários, o Ministério da Agricultura (Mapa) liberou o uso de um agrotóxico não registrado no País para combater emergencialmente uma praga nas lavouras de algodão e soja.

A decisão, publicada anteontem no Diário Oficial, permite o uso de defensivos agrícolas que tenham em sua composição o benzoato de emamectina, substância que, por ser considerada tóxica para o sistema neurológico, teve seu registro negado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em 2007.

O uso de agrotóxicos no País é norteado por pareceres do Comitê Técnico de Assessoramento para Agrotóxicos (CTA), formado por membros dos Ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente e da Anvisa - os dois últimos são encarregados de avaliar os riscos do uso de defensivo para o meio ambiente e a saúde pública.

Em março, diante da praga da lagarta quarentenária A-1 Helicoverpa armigera em lavouras do oeste da Bahia, representantes do Mapa solicitaram uma reunião extraordinária do CTA para a liberação do benzoato.

A proposta era que o produto fosse usado emergencialmente até a safra 2014/2015.


No primeiro encontro, representantes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e da Anvisa foram contrários à liberação. De acordo com a ata da reunião, a maioria do grupo afirmava que os documentos apresentados não permitiam tal liberação. Diante da negativa, o Mapa solicitou uma nova reunião, realizada cinco dias depois.

Nesse encontro, tanto a Anvisa quanto o Ibama mantiveram sua posição: não havia elementos suficientes para que a liberação fosse realizada.

O Mapa, no entanto, decidiu liberar o uso do benzoato. De acordo com o ministério, não é a primeira vez que a Agricultura adota uma decisão unilateral. Em 1986, de acordo com a assessoria, também houve liberação de agrotóxicos para combater uma praga de gafanhoto.

Além do benzoato, outros cinco tiveram seu uso liberado para o combate à praga: dois produtos biológicos (Vírus VPN HzSNPV e Bacillus Thuringiensis) e três químicos (Clorantraniliprole, Clorfenapyr e Indoxacarbe).

A diferença, no entanto, é que os cinco já têm registro no País para uso em outras lavouras. O uso do benzoato será regulamentado numa instrução normativa, seguindo as observações dos Ministérios do Meio Ambiente e da Saúde.

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