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Governo irlandês balança às vésperas de pacote da UE

A implementação de um Orçamento com redução dos gastos é normalmente uma condição para os empréstimos da União Europeia

John Gormley, presidente do Partido Verde irlandês: "a população precisa de certeza política" (Divulgação/The Green Party)

John Gormley, presidente do Partido Verde irlandês: "a população precisa de certeza política" (Divulgação/The Green Party)

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Da Redação

Publicado em 22 de novembro de 2010 às 19h13.

Dublin - O impopular governo da Irlanda começou a ruir nesta segunda-feira, com parlamentares independentes colocando o Orçamento de 2011 em risco e um partido aliado exigindo eleições antecipadas em janeiro, logo após o pacote de ajuda da União Europeia e do FMI ter sido efetivado.

O Partido Verde retirou o apoio ao gabinete do primeiro-ministro Brian Cowen um dia após os outros países europeus e o Fundo Monetário Internacional concordarem em ajudar a Irlanda com empréstimos. A crise no país envolve o setor bancário e levanta dúvidas sobre as contas públicas.

Dois parlamentares independentes, de quem o governo depende para obter maioria, não se comprometeram em votar a favor do Orçamento, que entra em vigor na data prevista de 7 de dezembro. O anúncio trouxe dúvidas sobre a aprovação do texto.

A implementação de um Orçamento com redução dos gastos é normalmente uma condição para os empréstimos da União Europeia e do FMI, cujo programa de ajuda costuma ser sujeito a revisão trimestral por órgãos internacionais.

O presidente do grupo que reúne os ministros das Finanças da zona do euro, Jean-Claude Juncker, havia dito no começo do dia que os primeiros empréstimos poderiam começar em janeiro, mas o otimismo do mercado com a iminência do pacote diminuiu em meio à incerteza política e ao risco de contágio da crise em outros países da União Europeia.

Autoridades europeias e do FMI começaram a definir nesta segunda-feira os detalhes do pacote de ajuda --com volume esperado entre 80 e 90 bilhões de euros--, enquanto o governo fazia os retoques finais no plano de austeridade, com previsão de cortes de 15 bilhões de euros em quatro anos.

A coalizão formada por Fianna Fail, Partido Verde e parlamentares independentes tem maioria de três cadeiras. A vantagem é perdida se os seis parlamentares verdes retiram o apoio ao Orçamento, ou se os independentes trocam de lado.

"Atingimos agora um ponto em que o povo irlandês precisa de certeza política para levá-lo além dos próximos dois meses. Então, acreditamos que chegou a hora de definir uma data para as eleições gerais na segunda metade de janeiro", escreveu o Partido Verde em comunicado.

O líder do principal partido de oposição da Irlanda, o Fine Fael, pediu eleições imediatas. O porta-voz do partido para assuntos de finanças disse à Reuters que o governo terá dificuldades em sobreviver até a aprovação do Orçamento.

Analistas políticos, porém, dizem que a provável coalizão que sucederia o atual governo, formada pelo partido de centro-direita Fine Gael e pelo Partido Trabalhista, não deve se afastar radicalmente do plano de austeridade atual.

O profissional lembrou que os players também monitoraram notícias sobre a composição da equipe econômica da presidente eleita Dilma Rousseff.

O jornal O Estado de S.Paulo trouxe na edição desta segunda-feira que Dilma não manterá Henrique Meirelles na presidência do Banco Central. À tarde, uma fonte confirmou a informação à Reuters .

Para o operador de câmbio de uma corretora paulista, as incertezas quanto à formação do governo deixam o mercado "apreensivo" porque os investidores não sabem o que esperar com relação à postura do governo quanto ao câmbio.

"Já se sabe que o (ministro da Fazenda, Guido) Mantega vai ficar, mas o disse-me-disse com o Meirelles está mantendo o pessoal apreensivo", disse, sob condição de anonimato.

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