Manifestantes reunidos em frente à TV pública ERT, em Atenas: a decisão foi anunciada um dia depois de o governo fechar de maneira fulminante a ERT (Louisa Gouliamaki/AFP)
Da Redação
Publicado em 12 de junho de 2013 às 09h31.
Atenas - O governo da Grécia anunciou nesta quarta-feira a apresentação de um projeto de lei que reorganiza o serviço audiovisual público no país, um dia depois de fechar de maneira fulminante a rádio e televisão pública ERT.
"Foi apresentado um projeto sobre a nova rádio, internet e televisão grega à secretaria-geral do governo. O tema será abordado à tarde em uma reunião da comissão de projetos de leis", afirma um comunicado governamental.
O projeto de lei será debatido pelos três partidos da coalizão governamental e submetido ao Parlamento para sua aprovação.
O texto prevê a criação de uma sociedade anônima pública pertencente ao Estado, mas com sua própria organização administrativa e econômica sob a proteção do Estado, afirma o primeiro artigo do projeto.
"Fechamos algo que era turvo", afirmou o porta-voz do governo, Simos Kedikoglou, ao apresentar o texto, apenas aos correspondentes estrangeiros, já que os jornalistas gregos estão em greve.
Segundo o texto, "o funcionamento da nova rádio e televisão" grega, que deve receber o nome Nerit S.A. "não depende do Estado" e "dispõe de independência editorial e de programação".
O fechamento da ERT, acusada de clientelismo político, provoca a demissão de quase 2.700 funcionários, incluindo 677 jornalistas.
A decisão surpreendente provocou manifestações na terça-feira diante da sede da emissora, em um subúrbio de Atenas. Os participantes chamaram de "golpe de Estado" a decisão do governo, dirigido pelo primeiro-ministro conservador Antonis Samaras.
A decisão foi tomada apenas pelo partido Nova Democracia de Samaras. Os outros dois partidos da coalizão governamental, o socialista Pasok e a esquerda moderada Dimar, eram contrários à medida.
Os funcionários da ERT continuavam trabalhando nesta quarta-feira e transmitiam a programação pela internet e em um canal local emprestado pelo Partido Comunista.
A Comissão Europeia anunciou que está a par do fechamento da ERT, mas insistiu na função indispensável de um serviço audiovisual público em uma democracia.