Manuel Valls: segundo Valls, o texto promove maior liberdade para as empresas e maior proteção para os trabalhadores (Philippe Wojazer/REUTERS)
Da Redação
Publicado em 29 de fevereiro de 2016 às 09h47.
Paris - O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, anunciou nesta segunda-feira que o governo decidiu atrasar em duas semanas a apresentação do projeto de lei sobre a reforma laboral, muito questionada, para ter mais tempo para negociá-la com organizações sindicais e patronais.
Sua chegada ao Conselho de Ministros estava prevista para o próximo dia 9 de março, e depois disso passaria pela Assembleia Nacional e pelo Senado, respectivamente, em abril e maio.
"É preciso acabar com certo número de mal-entendidos. É preciso explicar, responder a uma série de falsas informações que foram dadas sobre este texto. Portanto vamos nos dar alguns dias adicionais", indicou Valls durante uma visita ao Salão da Agricultura de Paris.
O primeiro-ministro destacou que este atraso não tem nenhum impacto no calendário parlamentar previsto e não representa um passo para trás, porque o verdadeiro retrocesso, ressaltou, seria abandoná-lo ou retirar suas principais reformas.
O texto, que segundo Valls promove maior liberdade para as empresas e maior proteção para os trabalhadores, não toca oficialmente na semana de 35 horas, mas flexibiliza o tempo de trabalho e, segundo os críticos, introduz "inumeráveis" possibilidades para superá-las sem penalizações.
O plano estabelece limites às indenização por demissões improcedentes e, entre outros pontos polêmicos, clarifica as regras da demissão por causas econômicas, que seus opositores acreditam que foram ampliadas.
"O texto responde em primeiro lugar à angústia dos que estão desempregados e em situação precária", defendeu Valls, que vai receber nos próximos dias o conjunto de atores sociais para restituir o debate e fazer avançar o projeto de lei "através do diálogo".
O primeiro-ministro afirmou que esse projeto é "útil para as empresas, os trabalhadores e o país", e apontou que fomenta reformas "necessárias" "que ninguém tinha se atrevido a realizar em anos e inclusive décadas".
O secretário-geral do sindicato Força Operária, Jean-Claude Mailly, garantiu após o atraso ser revelado que este "não muda nada sobre o fundo do problema, porque o que está em questão é a filosofia geral do texto".
"Seguimos pedindo sua suspensão, e suspendê-lo não equivale a atrasá-lo e ter uns dias para corrigi-lo, mas a começar do zero", indicou à emissora "BFM TV".