Mundo

Governo e rebeldes do Sudão avançam em negociações

A delegação do Governo do Sudão do Sul voltou a Juba para preparar seus próximos movimentos, com o olhar voltado na necessidade da cessação da violência


	Sudão: cerca de 10 mil pessoas morreram durante os confrontos, segundo cálculos do Grupo Internacional de Crise
 (Albert Gonzalez Farran/AFP)

Sudão: cerca de 10 mil pessoas morreram durante os confrontos, segundo cálculos do Grupo Internacional de Crise (Albert Gonzalez Farran/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 16 de janeiro de 2014 às 15h00.

Juba - O Governo e os rebeldes do Sudão do Sul acertaram parte dos detalhes de um cessar-fogo, apesar de persistirem outros pontos de atrito como as condições para colocá-lo em andamento, informaram nesta quinta-feira fontes de ambas as partes.

A delegação do Governo do Sudão do Sul encarregada de negociar com os rebeldes em Adis-Abeba voltou a Juba para preparar seus próximos movimentos, com o olhar voltado na necessidade da cessação da violência.

Ao chegar ao aeroporto da capital do Sudão do Sul, o ministro da Informação, Michael Makuei, disse à imprensa que ambas as partes estão negociando um acordo para deter a violência e depois falarão dos outros assuntos pendentes.

"Se os rebeldes não aceitarem o cessar-fogo, vão perder todas as regiões que estão sob seu controle", advertiu Makuei, que afirmou que as tropas governamentais mantêm seu domínio sobre a cidade de Malakal, capital do estado petrolífero de Alto Nilo, e avançam rumo à de Bor, capital do estado de Jonglei.

Os insurgentes controlam desde o mês passado Bor, enquanto recentemente deram por tomada Malakal, o que foi desmentido pelas autoridades.

Junto ao ministro chegou a Juba o presidente da delegação sul-sudanesa que participa das conversas, Nhial Deng Nhial, que destacou que alcançaram uma "fórmula de acordo para separar os temas das negociações e tratá-los um por um".

A delegação permanecerá na capital vários dias para realizar consultas com o presidente do país, Salva Kiir, e receber as últimas instruções do Governo.

Por sua vez, o representante da equipe negociadora dos rebeldes Johannes Moussa descartou à Efe por telefone de Adis-Abeba que haja um acordo de cessar-fogo com o Executivo "sem a libertação incondicional dos detidos políticos".


Essa condição está sendo o principal motivo de discórdia entre as partes, segundo Moussa, que reconheceu que há um princípio de acordo sobre os detalhes da cessação da violência e de seu mecanismo de supervisão.

Segundo o porta-voz rebelde, o Governo de Juba propôs um cessar-fogo e a posterior libertação dos detidos, mas isso "não é suficiente porque carece de uma data para colocá-los em liberdade".

Os rebeldes também propuseram um plano de reforma política, que inclui a designação de um presidente transitório no lugar de Kir e a participação conjunta na gestão do poder e da riqueza, assim como uma reforma do partido governante.

As conversas bilaterais foram retomadas no dia 13 de janeiro na capital etíope, impulsionadas pelo bloco regional e entidade promotora de um acordo de paz, a Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento.

O reatamento das negociações diretas aconteceu após quase uma semana de paralisia devido à recusa do Governo de libertar os supostos responsáveis do golpe de Estado rebelde detidos no Sudão do Sul, como pediam os sublevados.

O conflito que o Sudão do Sul vive explodiu no dia 15 de dezembro, quando o presidente acusou de uma tentativa golpista o ex-vice-presidente Riek Machar, que negou as acusações.

Cerca de 10 mil pessoas morreram durante os confrontos, segundo cálculos do Grupo Internacional de Crise, uma organização internacional não governamental especializada na análise de conflitos.

Acompanhe tudo sobre:ÁfricaSudãoViolência policialViolência urbana

Mais de Mundo

Argentina registra décimo mês consecutivo de superávit primário em outubro

Biden e Xi participam da cúpula da Apec em meio à expectativa pela nova era Trump

Scholz fala com Putin após 2 anos e pede que negocie para acabar com a guerra

Zelensky diz que a guerra na Ucrânia 'terminará mais cedo' com Trump na Presidência dos EUA