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Governo de Portugal pode cair antes de cúpula da UE

Partido de oposição discute eleição caso governo português caia

José Sócrates quer adotar medidas para evitar um resgate externo para as dívidas do país (Wikimedia Commons)

José Sócrates quer adotar medidas para evitar um resgate externo para as dívidas do país (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 23 de março de 2011 às 11h29.

Lisboa - O Parlamento português deve rejeitar nesta quarta-feira as medidas de austeridade propostas pelo governo do Partido Socialista, abrindo caminho para a renúncia do primeiro-ministro José Sócrates um dia antes da cúpula da União Europeia.

Sócrates já disse que renunciará se o plano for derrotado. Ele afirmou que se as medidas não forem aprovadas, Portugal seguirá os passos da Grécia e da Irlanda, buscando um resgate internacional para saldar suas dívidas, ação à qual ele se opõe.

Todos os partidos da oposição propuseram resoluções pedindo a rejeição das medidas, que diminuirão as pensões e os gastos do governo.

O principal partido de oposição, o Partido Social Democrata, que antes havia apoiado as medidas de austeridade, já começou a discutir uma eleição antecipada no país.

"Se todas essas posições que agora parecem ser irreversíveis forem confirmadas, então sim (o governo irá recuar)", disse a jornalistas Francisco Assis, líder da bancada socialista no Parlamento, durante uma reunião do partido.

"O primeiro-ministro não quer renunciar, mas ele não pode governar contra suas convicções", disse Assis, culpando os social-democratas por "abrir uma crise política no pior momento, apesar da disposição do governo para negociar uma solução".

Os socialistas possuem 97 dos 230 assentos no Parlamento, e não têm mais aliados a quem recorrer. O plano precisa de ao menos 116 votos para ser aprovado.

Uma intervenção de última hora do presidente Aníbal Cavaco Silva parece ser improvável, após ele ter afirmado na noite de terça-feira que seu "espaço para manobra para agir preventivamente" era limitado.


Sócrates irá se reunir com o presidente para uma reunião semanal às 16h (horário de Brasília) depois que o Parlamento começar um debate às 12h, que será seguido por uma votação sobre as resoluções.

O governo esperava obter apoio para aprovar seu plano antes da cúpula da UE na quinta-feira. A reunião deve aprovar um pacote de ajuda financeira maior para a zona do euro.

Os mercados portugueses caíram na quinta-feira diante do nervosismo dos investidores.

"Se as medidas não forem aprovadas, parece cada vez mais provável que Portugal precisará de algum tipo de ajuda", disse Charles Diebel, chefe de estratégia de mercado da Lloyds Bank.

A Constituição estipula que o país pode realizar uma eleição antecipada 55 dias depois que uma votação for convocada pelo presidente. Enquanto isso, o atual governo segue administrando o país temporariamente com poderes limitados.

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