Manifestantes exibem um boneco de Leung Chun-Ying, chefe de governo de Hong Kong (Philippe Lopez/AFP)
Da Redação
Publicado em 20 de outubro de 2014 às 09h17.
Hong Kong - O chefe do Executivo de Hong Kong acusou "forças estrangeiras" de envolvimento nas manifestações pró-democracia que paralisam parte da ex-colônia britânica, uma denúncia rebatida de maneira imediatada por seus críticos.
Leung Chung-ying declarou que "forças estrangeiras" atiçam as chamas do movimento pró-democracia, que desde 28 de setembro levou às ruas dezenas de milhares de manifestantes. Três pontos do território permanecem paralisados.
O chefe de Governo local não identificou as forças estrangeiras, no entanto.
"Não vou entrar em detalhes, mas não é um movimento totalmente interno", disse.
A imprensa oficial da China acusa "forças anti-chinesas", como os Estados Unidos, de manipulação dos manifestantes. Pequim advertiu contra qualquer interferência estrangeiras nos protestos de Hong Kong.
Os líderes do movimento pró-democracia responderam rapidamente as acusações do chefe do Executivo local.
Eles afirmaram que a motivação do grupo é o desejo de liberdades democráticas e o descontentamento com as desigualdades econômicas crescentes.
"Meus vínculos com o exterior se limitam a meu telefone de marca sul-coreana, meu computador americano e meu Gundam japonês (uma série de desenhos animados sobre robôs). E com certeza tudo isto é 'Made in China'", ironizou Joshua Wong, um dos líderes estudantis.
Alex Chow, presidente da Federação de Estudantes de Hong Kong, desafiou Leung a apresentar exemplos concretos de suas acusações.
"Está claro que deseja atacar o movimento ao chamá-lo de revolução colorida", disse Chow, que usou uma expressão de Pequim para designar um movimento político financiado pelo exterior.
"Espero que, como chefe do Executivo, responsável por seus atos, apresente evidências para provar suas acusações", completou.
Leung, considerado pelo movimento pró-democracia um fantoche de Pequim, afirmou que as manifestações escaparam de qualquer controle e defendeu um "acordo pacífico e sensato do problema".
Novos confrontos no domingo entre policiais e manifestantes deixaram 20 feridos.
O governo propôs uma nova reunião na terça-feira com os estudantes, líderes do movimento. Mas analistas consideram improvável que Pequim faça concessões.
Os manifestantes querem a renúncia de Leung Chun-ying e a instauração de um verdadeiro sufrágio universal no território autônomo, que passa pela crise mais grave desde sua devolução à China em 1997.
A China aceitou o princípio de sufrágio universal para a eleição do próximo chefe do Executivo em 2017, mas pretende controlar o processo eleitoral e conservar o direito de veto das candidaturas.