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Governo de Biden abre investigação sobre estratégia da China para dominar indústria de chips

Processo se baseia em indícios de que Pequim planeja dominar globalmente indústria de semicondutores, em estratégia similar à das áreas de painéis solares, veículos elétricos e minerais críticos

Biden abre investigação da estratégia chinesa para a indústria de chips (Saul Loeb/AFP)

Biden abre investigação da estratégia chinesa para a indústria de chips (Saul Loeb/AFP)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 23 de dezembro de 2024 às 16h47.

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O governo americano anunciou nesta segunda-feira a abertura de uma investigação comercial sobre supostas medidas "anticompetitivas e não comerciais" usadas pela China para apoiar sua indústria de semicondutores.

A medida acontece cerca de um mês antes de o presidente Joe Biden entregar o comando dos Estados Unidos ao eleito Donald Trump, que tem uma forte retórica contra a China em sua plataforma política. Pequim reagiu chamando a investigação de "protecionista".

Segundo a agência Reuters, a iniciativa pode resultar em mais tarifas dos EUA sobre chips chineses que alimentam a fabricação de produtos do dia a dia, como automóveis, máquinas de lavar e equipamentos de telecomunicações.

Essenciais para a indústria de eletrônicos, os semicondutores se tornaram componentes industriais decisivos para uma série de indústrias em todo o mundo. Na pandemia, a falta deles provocou atrasos na produção de vários produtos, de automóveis a eletrodomésticos.

Chance para Trump retomar guerra comercial

O esforço de Biden no apagar das luzes de seu governo pode dar a Trump uma oportunidade para começar a impor algumas das pesadas tarifas de 60% que ele ameaçou sobre as importações chinesas. Autoridades do governo Biden informaram que a conclusão da investigação ficará a cargo da administração do republicano.

Na reta final de mandato, Biden já impôs uma tarifa de 50% sobre semicondutores chineses, prevista para entrar em vigor no dia 1º de janeiro. O governo também endureceu as restrições à exportação de chips avançados de inteligência artificial, chips de memória e equipamentos de fabricação de chips para a China.

Pequim reagiu em um comunicado do seu Ministério do Comércio, no qual diz que a "investigação americana tem evidentes tons unilaterais e protecionistas". O texto pede a Washington que cesse imediatamente suas "más práticas", informou a AFP.

Dois terços dos produtos nos EUA têm chip chinês

A Representante Comercial dos EUA, Katherine Tai, afirmou que a agência encontrou evidências de que Pequim está mirando a indústria de semicondutores para dominá-la globalmente, de maneira semelhante ao que fez com aço, alumínio, painéis solares, veículos elétricos e minerais críticos.

“Isso está permitindo que suas empresas expandam rapidamente a capacidade e ofereçam chips artificialmente mais baratos, que ameaçam prejudicar significativamente e potencialmente eliminar a concorrência orientada pelo mercado”, disse ela em coletiva de imprensa.

Informações da secretaria de Comércio dos EUA dão conta de que dois terços dos produtos do país usam chips com semicondutores chineses, e que metade das empresas americanas desconheciam a origem de seus chips, incluindo algumas do setor de defesa, o que o governo classifica como "alarmante".

'Práticas desleais'

Em comunicado, a Casa Branca afirmou que a medida serve para "proteger trabalhadores e empresas americanas contra práticas comerciais desleais da China.

"A República Popular da China (RPC) frequentemente adota políticas e práticas não baseadas no mercado, bem como estratégias de direcionamento industrial no setor de semicondutores, permitindo que empresas chinesas prejudiquem significativamente a concorrência e criem dependências perigosas na cadeia de suprimentos de semicondutores fundamentais", diz o texto.

A partir de 6 de janeiro o governo americano vai aceitar comentários públicos sobre a investigação, e uma audiência pública está prevista para os dias 11 e 12 de março.

A investigação está sendo conduzida sob a Seção 301 da Lei de Comércio de 1974, mesmo estatuto de práticas comerciais desleais que Trump invocou para impor tarifas de até 25% sobre cerca de US$ 370 bilhões em importações chinesas em 2018 e 2019, desencadeando uma guerra comercial de quase três anos com Pequim.

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