Guerra na Síria: desde 2011, quando se iniciaram os conflitos no país, mais de quatro milhões de pessoas abandonaram suas casas (Reuters)
Gabriela Ruic
Publicado em 27 de julho de 2015 às 16h39.
São Paulo – O presidente Bashar al-Assad foi à televisão estatal se pronunciar para a população quanto aos conflitos que há quatro anos devastam a Síria. E admitiu que o governo desistiu de tentar retomar o controle de partes do país.
A Síria é hoje uma espécie de colcha de retalhos. Nela, o controle de cada pedaço pode pertencer ao governo sírio, a um grupo de oposição ou ao Estado Islâmico (EI). Um mapa recente produzido pela entidade independente ACAPS, detalhou as divisões internas de controle do país e mostrou a confusão que se seu território se tornou (veja aqui).
A região da capital Damasco, por exemplo, ainda está na área de influência de Assad. Ao seu redor, contudo, é possível enxergar a pressão que diferentes forças de oposição ao governo vêm fazendo nos arredores da cidade.
No norte, onde está Al-Hasakeh, percebe-se que ela também ainda está no controle do governo. Mas ao norte, está a área controlada pelos curdos e, ao sul, o território que já caiu nas mãos dos extremistas do EI.
“Não estamos entrando em colapso”, disse ele em discurso que foi acompanhado pelo jornal britânico The Independent, “seguimos firmes e vamos conseguir a vitória”. Assad seguiu clamando que a derrota não seria uma opção, mas reconheceu que as forças armadas sofrem com um número reduzido de tropas. Será necessário, portanto, priorizar as áreas consideradas como as mais importantes.
“Nosso exército é capaz e tudo está disponível, mas há uma deficiência de pessoas”, disse. Pudera: sua fala vem em um momento em que o número de refugiados sírios superou a marca de quatro milhões de pessoas e no qual novas notícias de mortes de soldados sírios em combates vêm à tona quase que diariamente.
O número de grupos que transformaram a Síria em um palco de guerra é impreciso. Há, por exemplo, as Forças de Defesa Nacional, uma milícia que está do lado do regime, e a Frente Islâmica, formada rebeldes que querem a queda de Assad e são aliados a outro grupo, o Jabhat Al-Nusra.
Isso sem contar os grupos que se uniram contra uma ameaça comum: o EI, como é o caso dos palestinos do Aknaf Beit al-Maqdis. Este grupo, informou o jornal americano The Wall Street Journal, há anos combate o regime, mas acabou por se juntar ao Frente de Libertação Palestina, defensor de Assad, na luta contra os extremistas. E esta é apenas uma parte de toda a história.