Venezuela: Ceballos terá de se apresentar à Justiça a cada 30 dias, está proibido de sair do país e de fazer declarações até nas redes sociais (NatanaelGinting/Thinkstock)
AFP
Publicado em 1 de junho de 2018 às 17h25.
Um grupo de 39 pessoas acusadas de crimes políticos, na maioria opositores, foi libertado nesta sexta-feira (1) em cumprimento a uma promessa do presidente Nicolás Maduro, anunciou a presidente da Assembleia Constituinte, Delcy Rodríguez.
"Vocês estão sendo os beneficiários dessas medidas, um primeiro grupo. Nas próximas horas, o país será informado dos próximos grupos que estão sujeitos a esta medida", disse Rodríguez diante do grupo de ex-prisioneiros, durante um ato na chancelaria.
O Supremo Tribunal de Justiça (TSJ) informou que 39 pessoas receberam o benefício processual nesta sexta-feira, entre elas o ex-prefeito opositor Daniel Ceballos.
Ceballos é o dirigente mais emblemático entre os libertados. O ex-prefeito de San Cristóbal, de 34 anos, foi detido em março de 2014 no contexto dos protestos contra Maduro.
Também há algumas pessoas que se viram envolvidas em uma agressão contra um deputado opositor durante a recente campanha presidencial.
"Foi o presidente Nicolás Maduro que, quando obteve a importante vitória eleitoral nas eleições (presidenciais) de 20 de maio, disse: 'este é o caminho, o caminho do diálogo, da união e da paz'", evocou Rodríguez.
A titular da Constituinte foi acompanhada pelo procurador-geral, Tarek William Saab, e por três governadores opositores que, segundo ela, iniciaram um "processo de diálogo" com o mandatário.
"Podemos pensar diferente, sei que é assim, mas podemos nos entender por vias distintas à violência", afirmou Rodríguez.
O procurador antecipou que outras libertações serão feitas neste sábado e nos dias seguintes.
Paralelamente às libertações, o ministro de Comunicação, Jorge Rodríguez, ofereceu uma coletiva de imprensa na qual disse que Maduro espera que sua decisão "leve a um processo de pacificação".
"Começou o processo de benefícios para políticos envolvidos em atos de violência", anunciou o ministro do palácio presidencial de Miraflores.
O presidente da alta corte, Maikel Moreno, informou que os opositores - detidos entre 2014 e 2018 - receberam benefícios distintos, como liberdade plena ou medidas cautelares de apresentação a cada 30 dias e proibição de saída do país.
Ceballos foi acusado de "rebelião e agrupamento" e desde então seu julgamento não foi iniciado.
Em agosto de 2015 recebeu uma medida de prisão domiciliar que foi revogada um ano depois, quando agentes do serviço de Inteligência (Sebin) o tiraram de sua casa em Caracas.
"A este cidadão (Ceballos) foi outorgada a medida cautelar de apresentação a cada 30 dias, proibição de saída do país e de declarações à imprensa e nas redes sociais", apontou Moreno.