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Governo cobra devolução de material de brasileiro

Brasil enviou uma comunicação à chancelaria da Grã-Bretanha cobrando a devolução de materiais eletrônicos de David Miranda


	Jornalista Glenn Greenwald e David Miranda em sua chegada ao Rio de Janeiro após ter ficado detido durante nove horas no aeroporto de Londres
 (Ricardo Moraes/Reuters)

Jornalista Glenn Greenwald e David Miranda em sua chegada ao Rio de Janeiro após ter ficado detido durante nove horas no aeroporto de Londres (Ricardo Moraes/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 21 de agosto de 2013 às 21h32.

O governo brasileiro enviou uma comunicação formal à chancelaria da Grã-Bretanha cobrando a devolução de materiais eletrônicos do brasileiro David Miranda, apreendidos por autoridades britânicas quando ele foi detido no aeroporto de Heathrow, afirmou o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, nesta quarta-feira.

No domingo, Miranda passou nove horas detido ao fazer uma conexão em Londres, teve aparelhos eletrônicos confiscados e foi interrogado sobre as atividades jornalísticas do seu companheiro, o norte-americano Glenn Greenwald, correspondente do jornal The Guardian no Rio de Janeiro.

"Estamos também trabalhando para que o material de posse do cidadão brasileiro David Miranda seja restituído dentro do mais breve prazo. Foi nesse sentido que foi transmitida oficialmente uma comunicação ao governo britânico", afirmou Patriota durante entrevista coletiva conjunta com o ministro dos Negócios Estrangeiros da República do Níger, Mohamed Bazoum.

Greenwald entrevistou recentemente o norte-americano Edward Snowden, ex-prestador de serviço da agência de espionagem dos Estados Unidos, procurado pelas autoridades de seu país por ter vazado dados confidenciais. Snowden recebeu asilo na Rússia por um ano.

O jornalista utilizou entre 15 e 20 mil documentos repassados por Snowden para revelar detalhes sobre os métodos de vigilância da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos.

Autoridades britânicas valeram-se de lei antiterrorismo, que confere a agentes da imigração o direito de interrogar alguém "para determinar se aquele indivíduo está envolvido na ordem, preparação ou execução de atos de terrorismo", para deter o brasileiro no domingo.

Patriota disse que conversou com o chanceler britânico, William Hague, sobre a detenção do brasileiro e manifestou que esse tipo de atitude é muito contraproducente "até mesmo para o alegado objetivo, que é o do combate ao terrorismo".

"Acho que não contribui para uma ação internacional coordenada e eficaz e também lembrei que no Brasil há um compromisso muito forte com os direitos civis, as liberdades individuais e que o Reino Unido não deve subestimar esse compromisso", disse o ministro.

Patriota, que na segunda-feira afirmou não ser justificável essa retenção com base na lei que se aplica a suspeitos de envolvimento com terrorismo, disse que aguarda informações sobre o incidente.

"Espero a resposta à comunicação formal enviada por nós", disse Patriota, no Palácio Itamaraty. "As manifestações que precisavam ser feitas foram feitas em um nível elevado e com linguagem muito firme." Em nota no domingo, o Itamaraty afirmou que a medida foi "injustificável por envolver indivíduo contra quem não pesam quaisquer acusações que possam legitimar o uso de referida legislação".

Miranda anunciou quarta que entraria com um processo contra a polícia e o governo britânicos, acusando-os de abuso de poder no combate ao terrorismo para se apropriarem de material jornalístico sensíveis.

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