(Hannah McKa/Reuters)
AFP
Publicado em 18 de setembro de 2020 às 18h35.
O governo de Boris Johnson admitiu, nesta sexta-feira, 18, que poderá retomar o confinamento em toda Inglaterra para conter a pandemia de coronavírus, observando que as taxas de hospitalização estão dobrando a cada oito dias.
"Queremos evitar um confinamento nacional, mas estamos preparados para fazer isso, se necessário", disse o ministro da Saúde, Matt Hancock, à rede BBC. "Estamos preparados para fazer o que for necessário, tanto para proteger vidas, quanto para proteger a economia."
De acordo com a imprensa local, conselheiros científicos do governo propuseram um confinamento geral em toda Inglaterra por duas semanas, em outubro, para coincidir com as férias escolares inglesas.
O Reino Unido é o país da Europa mais afetado pela pandemia, com mais de 41.700 mortes confirmadas por covid-19. E o número de novos casos está atingindo níveis que não eram vistos desde abril.
Segundo dados divulgados na quinta-feira, 17, pelo Escritório de Estatísticas Nacionais (ONS), na semana de 4 a 10 de setembro, havia na Inglaterra 59.800 pessoas infectadas por coronavírus, ou seja, um habitante em cada 900.
"Também vimos, com tristeza, que o número de pessoas hospitalizadas com coronavírus está dobrando a cada oito dias, então, temos que agir", frisou Hancock.
Ainda conforme o ONS, os índices de contágio estão disparando em Londres e no noroeste da Inglaterra.
Nesse contexto, o governo estendeu, a partir da próxima terça-feira (22), a diversos municípios do noroeste, entre eles Liverpool, com 500 mil habitantes, as restrições que já se aplicavam a dois milhões de moradores do nordeste do país. Isso inclui, em particular, a proibição de se reunir com familiares e amigos que não morem sob o mesmo teto e um toque de recolher para todos os locais de entretenimento entre 22h e 5h.
Em algumas áreas de Midlands e West Yorkshire, no centro, a proibição de receber em casa - dentro do imóvel, ou no quintal - pessoas que moram em outras casas também se aplica a partir de terça-feira. Segundo a mídia britânica, mais de dez milhões de pessoas já foram afetadas pelas medidas.
Além disso, em nível nacional, todas as reuniões de mais de seis pessoas estão proibidas a partir de segunda-feira (21). As exceções serão escolas, locais de trabalho, locais de culto e eventos esportivos.
Um porta-voz de Downing Street disse à imprensa que nenhuma nova restrição está "planejada" em Londres. A capital viu, porém, um de seus mais emblemáticos eventos ser cancelado na sexta-feira: os espetaculares fogos de artifício, com os quais tradicionalmente se comemora a passagem do Ano Novo.
"Simplesmente não podemos permitir o número de pessoas que se reúnem na véspera de Ano Novo", disse o prefeito trabalhista Sadiq Khan à estação de rádio privada LBC.
Dado o aumento das infecções, alguns jornais afirmaram que o governo poderá estender as restrições a todo país antes de outubro.