O governo da Áustria anunciou nesta sexta-feira, 13, que oferecerá um "bônus de retorno" de 1.000 euros, aproximadamente R$ 6.340, para os sírios que decidirem retornar ao seu país de origem. A medida visa incentivar o retorno voluntário dos refugiados, em meio ao processo de reconstrução da Síria.

O primeiro-ministro austríaco, Karl Nehammer, explicou que a Áustria precisa da contribuição de seus cidadãos para ajudar na recuperação do país devastado pela guerra civil. "A Áustria oferecerá aos sírios que queiram retornar ao seu país de origem um bônus de retorno de 1.000 euros. O país precisa agora de seus cidadãos para se reconstruir", afirmou.

Em adição ao bônus de retorno, o governo austríaco reafirmou que a suspensão dos pedidos de asilo para cidadãos sírios continua em vigor. Essa decisão foi tomada logo após a queda do regime de Bashar al-Assad, em um momento de transformação na Síria, que há mais de uma década enfrenta uma guerra civil.

Desde 2011, o conflito sírio causou uma onda massiva de emigração. A Áustria, que é um dos países que mais recebeu refugiados sírios na Europa, recebeu até 2024 cerca de 15.000 pedidos de asilo provenientes da Síria, de acordo com dados da ONU.

Mudanças na política de asilo e reunificação familiar

Além de suspender os pedidos de asilo, o governo também anunciou que a análise de pedidos de reunificação familiar de refugiados sírios será interrompida. A justificativa dada pelas autoridades é que a situação na Síria mudou “de maneira fundamental”, o que alteraria as condições para a concessão de asilo.

A comunidade síria na Áustria tem crescido significativamente nos últimos anos, passando de alguns milhares de pessoas para mais de 95.000 residentes atualmente. Entre 2015 e 2024, quase 87.000 sírios receberam asilo no país, sendo que muitos já adquiriram a cidadania austríaca. Outros 17.500 sírios receberam proteção subsidiária, um status de proteção temporária.

A política de migração e asilo tem sido um tema central na política interna da Áustria, especialmente após o crescimento do partido de extrema-direita FPÖ. Esse partido tem adotado um discurso xenófobo e foi vencedor nas eleições gerais de setembro passado, o que reflete uma tendência crescente de resistência à imigração no país.