Policiais em Ferguson: crime gerou uma onda de manifestações em todo o país (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 3 de março de 2015 às 21h30.
Washington - O Departamento de Justiça dos Estados Unidos acusou de discriminação racial a Polícia da cidade de Ferguson, onde um jovem afro-americano morreu pelos disparos de um agente em agosto de 2014, o que gerou uma onda de manifestações em todo o país, informou nesta terça-feira a imprensa americana.
Essa é a conclusão à qual chegou uma investigação do Departamento Justiça em um relatório que será divulgado integralmente amanhã, antecipado de forma parcial pelos veículos de comunicação hoje.
Entre os elementos discriminatórios citados no texto, destacam-se a rotineira revista de motoristas sem suspeitas razoáveis, prisões sem motivos aparentes e uso excessivo da força.
Segundo o relatório, nos últimos dois anos, os cidadãos afro-americanos de Ferguson (Missouri), que representam 65% da população, foram alvo de 85% das detenções de trânsito, 93% das prisões e 88% dos casos nos quais a polícia empregou força.
O documento se baseia na revisão de mais de 35 mil documentos da Polícia de Ferguson entre 2012 e 2014.
Há expectativa de divulgação de um relatório paralelo que inocente o policial Darren Wilson da acusação de violação de direitos civis, após matar a tiros o jovem Michael Brown, de 18 anos, em agosto do ano passado.
Desde a morte de Brown, os protestos contra o racismo se estenderam para mais de 170 cidades de todo o país, com maior intensidade em Nova York, Washington e Los Angeles.
Nesta semana, o presidente dos EUA, Barack Obama, exigiu mudanças na polícia para recuperar a confiança perdida entre as minorias, ao receber as recomendações de um grupo trabalho criado após os distúrbios de Ferguson.
Esse grupo defendeu uma maior supervisão do trabalho da polícia local, através da coleta e envio ao governo federal de todos os casos de agentes envolvidos em tiroteios, letais ou não, e na morte de pessoas em custódia.
Além disso, eles se mostraram a favor que os agentes levem câmeras incorporadas em seus uniformes ou no corpo para gravar suas interações com os civis, proposta apresentada por Obama em dezembro do ano passado.