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Gorbachev alerta para nova Guerra Fria e convoca diálogo

"O mundo se encontra à beira de uma nova Guerra Fria", disse último dirigente da União Soviética, Mikhail Gorbachev

Mikhail Gorbachev: "alguns dizem que a nova Guerra Fria já começou" (Reuters)

Mikhail Gorbachev: "alguns dizem que a nova Guerra Fria já começou" (Reuters)

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Da Redação

Publicado em 8 de novembro de 2014 às 11h05.

Berlim- O último dirigente da União Soviética, Mikhail Gorbachev, disse neste sábado em Berlim que o mundo se encontra 'à beira de uma nova Guerra Fria' e convocou os líderes da comunidade internacional a retomar o diálogo.

O ex-líder soviético, que se encontra na capital alemã por ocasião das celebrações do 25º aniversário da queda do muro, afirmou que 'o derramamento de sangue na Europa e no Oriente Médio com o cenário de uma ruptura do diálogo entre as grandes potências é de grande preocupação'.

'O mundo se encontra à beira de uma nova Guerra Fria. Alguns dizem inclusive que já começou', afirmou Gorbachev na abertura do simpósio 'O mundo 25 anos depois da queda do muro de Berlim: novas dúvidas, novas divisões, novos muros'.

Os eventos da década de 80 são uma prova que 'inclusive em situações aparentemente sem esperanças há uma saída', declarou o ex-dirigente, ressaltando que a realidade na ocasião 'não era menos urgente e perigosa' do que agora.

Gorbachev lembrou que foi possível reverter essa situação normalizando as relações e colocando um fim no enfrentamento e à Guerra Fria, principalmente graças ao fato da retomada do diálogo, a 'máxima prioridade' na atualidade.

O ex-dirigente pediu diálogo para o presidente russo, Vladimir Putin, que 'apesar de suas duras críticas sobre o Ocidente e os Estados Unidos' abriga em seu discurso 'o desejo de encontrar uma via para diminuir as tensões e construir uma nova base para a cooperação'.

Gorbachev disse que a tensão entre o Kremlin e Ocidente como consequência do conflito na Ucrânia também está afetando as relações entre Moscou e Berlim, e lembrou que 'sem a cooperação entre Rússia e Alemanha não pode haver segurança na Europa'.

Além disso, o ex-dirigente considerou que os eventos dos últimos meses são o reflexo do 'desmoronamento da confiança' construída 'com tanto trabalho e esforço mútuo' no fim da Guerra Fria, e 'sem a qual as relações internacionais no mundo global são inconcebíveis'.

Para o artífice da 'perestroika' (reconstrução) e da 'glasnost' (transparência) na URSS, a Europa corre o perigo de 'perder sua palavra nos assuntos internacionais e passar a ser gradualmente irrelevante'.

'Em lugar de liderar a mudança em um mundo global, a Europa se transformou em uma arena de agitação política, de competição por esferas de influência e de conflito militar. A consequência inevitável é o enfraquecimento da Europa em um momento no qual outros centros de poder e influência ganham força', disse.

Fazendo referência à queda do muro, o ex-presidente soviético disse que 'a reunificação pacífica da Alemanha só foi possível porque esteve precedida de grandes mudanças na política internacional e na mente das pessoas'. EFE

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