Gorbachev: "é preciso começar novamente do zero, ou seja, é preciso retomar a construção da democracia" (Alexander Nemenov/AFP)
Da Redação
Publicado em 21 de novembro de 2011 às 12h40.
Berlim - A duas semanas das eleições parlamentares na Rússia, o último dirigente soviético, Mikhail Gorbachev, acusou nesta segunda-feira o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, de realizar uma campanha eleitoral suja, e advertiu para manipulações na apuração.
'Na realidade é vergonhoso', declarou o ex-líder soviético, que denunciou a ausência de eleições livres e o déficit democrático, o que considera como os maiores problemas da Rússia.
'É preciso começar novamente do zero, ou seja, é preciso retomar a construção da democracia', afirmou.
Gorbachev fez graves acusações contra o chefe do governo russo e contra seu partido, Rússia Unida, e declarou que as autoridades regionais foram orientados a garantir uma determinada participação eleitoral para que a legenda governista consiga a maioria.
Segundo ele, os empresários também estão sendo pressionados.
No dia 4 de dezembro, a Rússia realizará eleições legislativas em preparação para as eleições presidenciais de março de 2012, nas quais Putin se candidatará novamente à chefia de Estado, que já ocupou entre 2000 e 2008 após suceder Boris Yeltsin.
Ao expressar seu temor sobre possíveis manipulações nas próximas eleições, Gorbachev citou o ditador soviético Josef Stalin, que dizia que os resultados das eleições não dependem da votação, mas da apuração.
'Temos realmente uma ampla variedade de problemas', acrescentou Gorbachev, Prêmio Nobel da Paz em 1990 e Príncipe de Astúrias de Cooperação Internacional em 1989.
O ex-dirigente soviético deu estas declarações durante a apresentação dos prêmios que levam seu nome e que distinguem personalidades que mudaram o mundo no espírito da perestroika (reconstrução). A entrega dos mesmos acontecerá na capital alemã no dia 20 de março.
A primeira edição deste prêmio ocorreu em março deste ano em Londres por ocasião do 80º aniversário do ex-líder da União Soviética e um dos contemplados foi o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.