Goran Hadzic é acusado de crimes de guerra e contra a humanidade, assassinatos, perseguições, torturas e tratamento desumano durante a guerra croata (AFP)
Da Redação
Publicado em 21 de julho de 2011 às 08h52.
Belgrado - O suposto criminoso de guerra Goran Hadzic, antigo líder dos sérvios da Croácia, capturado nesta quarta-feira a 80 quilômetros ao norte de Belgrado, se escondeu durante anos na Rússia, afirma nesta quinta-feira um jornal local.
O Politika, que não revela as fontes da informação, assinala que as forças sérvias encarregadas da busca dos acusados sob mandato da Justiça internacional tinham pistas que até 2009 Hadzic se escondia na Rússia com uma identidade falsa.
O acusado, que em 2004 desapareceu de sua casa na cidade de Novi Sad, horas depois que o Tribunal Penal Internacional para a Antiga Iugoslávia (TPII) enviou à Sérvia o pedido para que fosse detido, se casou na Rússia e teve um filho, acrescenta o jornal.
Em 2009, seu rastro foi perdido, mas apareceram informações de que tinha trocado a Rússia por Belarus, e desde então os serviços secretos sérvios não sabiam mais dele.
Estima-se que contasse com a ajuda de alguns setores da igreja ortodoxa sérvia, com bons contatos em Belarus.
Segundo a fonte, Hadzic chegou há vários dias à Sérvia, supostamente para buscar um dinheiro que necessitava para continuar se escondendo. Agora, as autoridades investigam como conseguiu entrar no país.
Enquanto isso, seu advogado, Toma Fila, declarou nesta quinta-feira que não recorrerá da decisão da Justiça sérvia sobre sua extradição ao TPII, em Haia, que pode ser aplicada a partir desta sexta-feira.
As autoridades sérvias, no entanto, se negaram a detalhar a data exata da extradição.
Um passo crucial na busca por Hadzic foi uma tentativa de venda de um óleo de grande valor do pintor italiano Amadeo Modigliani, destinado a financiar o foragido.
Os preparativos para a venda da pintura foram descobertos pela Polícia em dezembro, durante uma operação de busca na casa de um amigo próximo de Hadzic, em Novi Sad.
Segundo informa nesta quinta-feira o "Politika", a pintura, adquirida na França na década de 1990, que supostamente pertencia a Hadzic e que foi paga com dinheiro procedente do contrabando de petróleo, poderia valer entre 10 e 15 milhões de euros.
O fato de querer vender a pintura apontava para a possibilidade de que Hadzic precisava urgentemente de dinheiro para poder se esconder, e as autoridades decidiram seguir seus financiadores.
O antigo líder sérvio da Croácia era o último acusado pelo TPII que continuava em liberdade, depois que em maio foi capturado na Sérvia o ex-comandante militar servo-bósnio Ratko Mladic.
Em 1992 e 1993, Hadzic foi o presidente da rebelde República Sérvia de Krajina, um território da Croácia povoado por sérvios que se declararam independentes depois que os croatas proclamaram a independência da ex-Iugoslávia, em 1991.
O ex-líder é acusado de crimes de guerra e contra a humanidade, pela expulsão da população croata e não sérvia de Krajina, assassinatos, perseguições, torturas e tratamento desumano durante a guerra croata (1991-1995).