Primeiro ministro da Itália, Giuseppe Conte (Alessandro Bianchi/Reuters)
AFP
Publicado em 23 de maio de 2018 às 15h01.
Última atualização em 23 de maio de 2018 às 15h20.
O professor Giuseppe Conte, nomeado nesta quarta-feira (23) como primeiro-ministro do primeiro governo antissistema da Itália, é um advogado e professor de direito com uma carreira acadêmica de prestígio - uma personalidade sem experiência política, discreta e séria para representar uma nova era.
O líder do Movimento 5 Estrelas (M5E), Luigi Di Maio, e o da extrema-direita Liga, Matteo Salvini, decidiram excluir suas próprias candidaturas para chefiar o governo e concordaram em apresentar uma terceira pessoa para garantir o "equilíbrio" entre as duas forças.
Conte, de 54 anos, nascido em 1964 em Volturara Appula, uma pequena cidade de apenas 500 habitantes no sul da Itália, estudou direito em Roma, onde fez mestrado em 1988.
O currículo de Conte já havia sido divulgado pelo M5E quando foi apresentado como candidato ao cargo de ministro da Administração Pública.
As doze páginas incluem especializações nas universidades mais prestigiosas do mundo. Nas décadas de 1990 e 2000, estudou e pesquisou nas americanas Yale, Duquesne e na New York University. Em seguida, foi para o Internacional Kultur Institut de Viena, dando prosseguimento à carreira na Sorbonne, em Paris, e no Girton College de Cambridge, no Reino Unido.
Professor nas universidades da Sardenha, Roma, Florença e Malta, é atualmente responsável pela cadeira de direito civil na Universidade de Florença.
Chefe de um escritório de advocacia em Roma, foi membro do Conselho de Administração da Agência Espacial Italiana, consultor jurídico da Câmara de Comércio de Roma e membro do conselho de supervisão de várias companhias de seguros falidas.
Autor de numerosas publicações e artigos especializados, os italianos o conheceram quando o M5E o apresentou em um programa de televisão em 1º de março, antes das eleições legislativas de 4 de março, como membro da possível equipe de governo do movimento antissistema.
Naquela ocasião, ele defendeu a ideia de abolir drasticamente leis inúteis, cerca de 400, de acordo com o M5E, para reforçar os regulamentos anticorrupção e promover a "meritocracia".
Também confessou que no passado havia, em geral, votado à esquerda.
"Agora, penso que os esquemas ideológicos do século XX não são adequados. Acredito que é mais importante valorizar o comportamento de uma força política baseada na sua posição sobre o respeito pelos direitos e liberdades fundamentais e na sua capacidade de desenvolver programas úteis para os cidadãos", disse ele.
Elegante, divorciado e pai de um filho, a figura de Conte levanta dúvidas sobre o poder com o qual governará, de acordo com a imprensa italiana.
"Será um primeiro-ministro sem poder", sustentou o jornal La Repubblica em um editorial.
Dado que o M5E e a Liga não conseguiram chegar a um acordo sobre um político de peso para chefiar o governo, "foram forçados a nomear um tecnocrata" e não um político como prometido, lamenta o jornal.
Sem um partido que o apoie, provavelmente terá que mediar duas figuras poderosas, Di Maio, que segundo se comenta deseja o ministério do Desenvolvimento Econômico, e Salvini, que aspira à pasta do Interior.
"Que prestígio terá quando enfrentar sozinho Angela Merkel e Emmanuel Macron no próximo Conselho Europeu de 28 e 29 de junho?", questionou o jornal.
Il Corriere della Sera foi mais diplomático: "será uma boa escolha se ele provar ter a personalidade política e credibilidade necessárias para compensar a ausência de relações com a maioria parlamentar e as instituições europeias", escreveu o maior jornal do país.
Tudo parece indicar que ele tem personalidade para isso. Seu lema no WhatsApp é: "Todo sucesso começa se houver força de vontade".