Mundo

Gilad Shalit, um simples soldado que virou moeda de troca

"Eu espero que este acordo ajude na realização da paz entre os dois lados, Israel e palestinos" disse o militar depois de passar cinco anos preso

Depois de 5 anos em poder do Hamas, Gilad Shalit já está em Israel (AFP)

Depois de 5 anos em poder do Hamas, Gilad Shalit já está em Israel (AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 18 de outubro de 2011 às 14h37.

Jerusalém - Libertado nesta terça-feira após ficar detido por mais de cinco anos na Faixa de Gaza, o sargento Gilad Shalit, 25 anos, tornou-se uma espécie de moeda na troca por mais de 400 prisioneiros palestinos.

O condutor de tanques de guerra com rosto juvenil, preso pelo movimento radical islamita Hamas, retornou para Israel nesta terça-feira depois de passar pelo Egito em troca da libertação de 477 prisioneiros palestinos nas mãos israelenses.

"Eu espero que este acordo ajude na realização da paz entre os dois lados, Israel e palestinos", disse em suas primeiras declarações à televisão egípcia após a libertação. Suas palavras, ditas em hebraico, foram traduzidas para o árabe.

Gilad Shalit, que também possui nacionalidade francesa, foi capturado no dia 25 de junho de 2006 durante uma operação realizada por palestinos contra um posto militar no sul de Israel, próximo a Faixa de Gaza. Dois de seus companheiros foram mortos, um terceiro ficou gravemente ferido. Seu colete à prova de balas ensanguentado foi encontrado no local da ação.

O ataque foi reivindicado por três grupos armados palestinos, entre eles as brigadas Ezzedine Al-Qassam e o braço armado do Hamas.

Assim, o retrato do militar de olhar adolescente, apagado e tímido, tornou-se regular na imprensa israelense. Banners, bandeiras e adesivos com seu rosto se espalharam pelo país, testemunhando uma verdadeira causa nacional.

Alguns soldados até escreveram seu nome nas cédulas eleitorais das eleições legislativas em fevereiro para exigir mais esforços por parte do governo em favor de sua libertação.

As únicas imagens da prisão de Shalit foram divulgadas apenas em outubro de 2009, quando Israel aceitou libertar 20 prisioneiros palestinos em troca de um vídeo para provar que ele ainda estava vivo.


Nesta gravação de 2 minutos e 40 segundos, o militar aparecia em relativo bom estado, com a barba feita e o cabelo curto, apesar de estar um pouco mais magro e com os olhos escuros.

Ele falou sobre seu "sonho de ser libertado".

Desde sua detenção, ele enviou para Israel outras mensagens, em junho de 2007, fevereiro de 2008, abril e junho deste ano.

Em sua primeira carta, três meses após a captura, ele escreveu para seus pais: "eu vos desejo shalom (paz). Meu estado de saúde piora dia após dia, principalmente no plano moral, o que me deixa depressivo".

"Eu espero que este pesadelo insuportável acabe e que eu seja libertado desta cela onde estou preso e isolado antes do meu 20° aniversário, que espero poder comemorar com vocês", acrescentou.

Seus pais, Noam e Aviva, intensificaram os esforços ao redor do mundo e receberam apoio de Paris.

O presidente francês Nicolas Sarkozy escreveu em junho uma carta ao jovem soldado israelense dizendo que "a França não o abandonaria jamais". Gilad Shalit foi até nomeado cidadão de honra da cidade de Paris.

Nascido em Nahariya, cidade balneária do norte de Israel em 1986, cresceu em Mizpe Hila, uma cidade da Galiléia.

Esportista, é um bom jogador de basquete e fã do ciclismo, principalmente do Tour de France, o qual acompanha regularmente pela televisão. Antes de sua captura, ajudava seus pais na gestão de uma pousada em Mizpe Hila.

Gilad Shalit foi promovido à sargento após sua prisão.

Acompanhe tudo sobre:Conflito árabe-israelenseIsraelOriente Médio

Mais de Mundo

Agricultores franceses jogam esterco em prédio em ação contra acordo com Mercosul

Em fórum com Trump, Milei defende nova aliança política, comercial e militar com EUA

À espera de Trump, um G20 dividido busca o diálogo no Rio de Janeiro

Milei chama vitória de Trump de 'maior retorno' da história