Brexit: o ministro-chefe do território afirmou que seu argumento está claro como o da ministra escocesa, que expressou sua vontade de negociar diretamente com Bruxelas (Thinkstock/CharlieAJA)
Da Redação
Publicado em 27 de junho de 2016 às 12h19.
Londresm - O ministro-chefe de Gibraltar, Fabian Picardo, afirmou nesta segunda-feira que buscará fórmulas para proteger a filiação do território à União Europeia (UE) e sugeriu que o "Brexit" deveria ser efetivo somente na Inglaterra e Gales, as regiões britânicas que votaram na quinta-feira pela saída.
"Nossa posição (a favor da UE) foi expressada de forma robusta por 96% da população. Queremos continuar tendo acesso ao mercado único, queremos continuar tendo as vantagens da liberdade de movimentos", afirmou Picardo em uma entrevista à agência britânica Press Association (PA).
O ministro-chefe do território afirmou que seu argumento está "tão claro" como o da ministra principal escocesa, Nicola Sturgeon, que expressou sua vontade de negociar diretamente com Bruxelas fórmulas para que a Escócia siga fazendo parte do bloco comunitário.
Picardo ressaltou que, além das negociações que possam ocorrer para manter vigente a legislação europeia em Gibraltar, o território "jamais será espanhol".
"Qualquer um que surgerir à população que o preço para ter acesso ao mercado único, ou por qualquer outro assunto, é aceitar a soberania conjunta (com a Espanha), está perdendo seu tempo", afirmou.
"A soberania conjunta ou qualquer outra tentativa de usurpar 100% da soberania britânica sobre Gibraltar está condenada a fracassar desde o momento em que nasce, saia dos lábios do ministro das Relações Exteriores espanhol ou de qualquer outro", disse.
Além disso, Picardo indicou que o resultado do referendo de quinta-feira, no qual 51,9% dos eleitores britânicos expressaram desejo de romper os laços com o resto da União Europeia, não implica necessariamente na ativação do artigo 50 o Tratado de Lisboa, que regula o processo de desligamento de um Estado membro da UE.
Ao invés disso, propôs a "renegociação unicamente do que significa o Reino Unido, quanto à sua utilidade para a Europa".
"Por exemplo, seria um modo de executar a vontade dos britânicos de retirar da definição de Estado-membro àquelas nações que votaram por sair. Por exemplo, a nação galesa e a nação inglesa", afirmou Picardo.
"Inclusive seria possível manter Londres como parte das regiões do Reino Unido nas quais os tratados europeus são aplicados", acrescentou.
Na consulta da quinta-feira, os ingleses votaram por deixar a UE com 53,4% dos votos, contra 46,4%, o mesmo que os galeses -52,5% contra 47,5%-.
Na Escócia e Irlanda do Norte, por outro lado, se impôs a permanência -62% perante 38% e 55,8 % contra 44,2%, respectivamente.
Em Gibraltar, onde apenas 4% da população votou a favor de deixar a UE, foi registrado um dos resultados mais contundentes contra o "Brexit".