General Joseph Votel deve discutir com autoridades em Bagdá o impacto que a retirada dos EUA pode ter sobre o Iraque, onde o Estado Islâmico já mudou sua estratégia para rápidos ataques de guerrilha após perder todo seu território local (Tom Williams/CQ Roll Call/Getty Images)
Reuters
Publicado em 17 de fevereiro de 2019 às 17h07.
Última atualização em 17 de fevereiro de 2019 às 17h13.
Bagdá- O general que supervisiona as forças armadas dos Estados Unidos no Oriente Médio viajou ao Iraque neste domingo para conversas com autoridades norte-americanas e iraquianas que devem ter como foco a busca por garantir que o Estado Islâmico não ressurja depois da retirada das tropas dos EUA da vizinha Síria.
O general do Exército Joseph Votel, chefe do Comando Central dos EUA, não respondeu perguntas de repórteres ao desembarcar no Iraque, onde esperava receber informações de campo sobre a última ofensiva para retomar áreas remanescentes do uma vez vasto território do Estado Islâmico na Síria.
Votel também deve discutir com autoridades em Bagdá o impacto que a retirada dos EUA pode ter sobre o Iraque, onde o Estado Islâmico já mudou sua estratégia para rápidos ataques de guerrilha após perder todo seu território local.
Votel disse que não espera que a retirada, por ordem do presidente Donald Trump, de mais de 2.000 soldados da Síria altere significativamente os níveis das tropas norte-americanas no Iraque, onde os EUA têm mais de 5.000 soldados. Esses números permaneceriam "mais ou menos estáveis", disse ele.
"Vamos querer garantir que tenhamos capacidade suficiente em solo para apoiar os iraquianos", disse Votel a jornalistas que viajavam com ele na semana passada. "Mas eu não acho necessariamente que isso vá resultar em uma expansão da área coberta pelos Estados Unidos ou pelas forças da coalizão".
A surpreendente decisão de Trump em dezembro de retirar as tropas norte-americanas da Síria confundiu sua equipe de segurança nacional e levou à demissão do secretário de Defesa, Jim Mattis.
O posicionamento também chocou os aliados dos EUA e fez com que generais como Votel tivessem de se virar para viabilizar a retirada de forma que melhor preservasse os ganhos obtidos na região.
O Estado Islâmico ainda representa uma ameaça no Iraque e algumas autoridades dos EUA acreditam que o líder do grupo, Abu Bakr al-Baghdadi, pode estar se escondendo no país.
Baghdadi lidera o grupo desde 2010, quando ele ainda era um ramo clandestino da Al Qaeda no Iraque.
O inspetor-geral do Pentágono disse em um relatório que o Estado Islâmico continua sendo um grupo insurgente ativo e está recuperando suas funções e capacidades mais rapidamente no Iraque do que na Síria.
"Sem uma pressão sustentada (contra o terrorismo), o Isis provavelmente ressurgirá na Síria dentro de seis a doze meses e recuperará território limitado", disse o relatório, usando a famosa sigla Isis para o Estado Islâmico.
Em uma entrevista na sexta-feira, Votel disse à Reuters que recomenda continuar fornecendo armas e ajuda às Forças Democráticas da Síria (SDF) conforme necessário, desde que os combatentes liderados pelos curdos mantenham a pressão sobre o Estado Islâmico e ajudem a evitar seu ressurgimento.
Votel disse que o Estado Islâmico ainda conta com dezenas de milhares de combatentes dispersos pelo Iraque e Síria, com líderes e recursos suficientes para representar uma ameaça de insurgência nos próximos meses.
As forças armadas do Iraque já mudaram a forma como combatem o grupo, afastando-se de grandes operações de combate para o que a Votel chama de operações de "área ampla". Os militares dos EUA também modificaram o modo como apoiam as forças de segurança iraquianas.
"Nós tivemos algumas mudanças em termos de onde estamos, assim nós podemos estar nas melhores posições", afirmou Votel.
((Tradução Redação São Paulo, 55 11 5644 7519))REUTERS FC LC