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Generais concordam com cessar-fogo no Sudão após trégua fracassar

Os dois lados se acusaram sobre quem foi o responsável por violar o cessar-fogo anterior, que foi costurado na terça-feira, 18

Sudão: pelo menos 296 pessoas foram mortas e mais de 3 mil ficaram feridas desde o início dos confrontos no sábado (AFP/Getty Images)

Sudão: pelo menos 296 pessoas foram mortas e mais de 3 mil ficaram feridas desde o início dos confrontos no sábado (AFP/Getty Images)

Estadão Conteúdo
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Agência de notícias

Publicado em 19 de abril de 2023 às 16h16.

Última atualização em 19 de abril de 2023 às 16h27.

Com a capital do Sudão, Cartum, paralisada por um quinto dia de confrontos violentos, o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) e o Exército do Sudão concordaram com um novo cessar-fogo de 24 horas nesta quarta-feira, 19, um dia depois que uma trégua proposta semelhante desmoronou em meio a tiros e explosões.

O RSF apontou em um comunicado no Twitter que interromperia os combates às 18h no horário local (13h de Brasília).

Os dois lados se acusaram sobre quem foi o responsável por violar o cessar-fogo anterior, que foi costurado na terça-feira, 18.

Detalhes do conflito no Sudão

Milhões de pessoas estão abrigadas em suas casas em Cartum e em outras cidades, aumentando o temor de uma catástrofe humanitária, já que os moradores estão com acesso limitado à comida e água. A eletricidade também é considerada escassa.

A Organização Mundial da Saúde informou que pelo menos 296 pessoas foram mortas e mais de 3 mil ficaram feridas desde o início dos confrontos no sábado, embora o número real seja provavelmente muito maior.

Moradores de vários bairros de Cartum disseram à Associated Press que puderam ver centenas de pessoas deixando suas casas, algumas saindo a pé e outras se amontoando em veículos. Os moradores aguardavam um cessar-fogo, mas, com a falta de suprimentos, muitos decidiram arriscar uma fuga.

"Cartum se tornou uma cidade fantasma", apontou Atiya Abdalla Atiya, secretário do Sindicato dos Médicos, que ainda está na capital.

Retirada dos cidadãos japoneses e plano de ação do Japão

O Japão anunciou que estava mobilizando um avião militar para evacuar dezenas de cidadãos japoneses do Sudão, tornando-se a primeira nação a anunciar um plano de evacuação. Contudo, ainda não está claro como o plano será efetuado em meio ao fechamento do principal aeroporto de Cartum para voos.

Os Estados Unidos anunciaram que não têm planos para uma evacuação coordenada.

Já o Ministério das Relações Exteriores do Brasil afirmou que está em contato com os brasileiros que residem no Sudão e está tentando costurar ações de assistência conjunta com outras nações.

Hospitais foram esvaziados e comboios diplomáticos foram atacados

Os hospitais em Cartum estão ficando perigosamente sem suprimentos médicos, muitas vezes operando sem energia e água potável, apontou o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), em comunicado. Dezenas de centros de saúde em Cartum e em todo o país pararam de funcionar porque estão perto de confrontos, afirmou o Sindicato dos Médicos Sudaneses na quarta-feira. Pelo menos nove hospitais foram bombardeados, acrescentou o sindicato.

"Nossa prioridade urgente é levar assistência médica aos hospitais e tentar consertar as linhas de água e energia para que possam tratar os feridos", disse Patrick Youssef, diretor regional do CICV na África. Mas os combates impossibilitaram o acesso às instalações.

Em meio a escalada dos conflitos, um comboio diplomático dos EUA foi alvejado, mas nenhum funcionário dos EUA ficou ferido. Já o embaixador da União Europeia (UE) no Sudão, Aiden O'Hara foi atacado dentro de sua casa.

De acordo com um porta-voz da UE, o escritório do bloco europeu em Cartum está funcionando e a delegação não está sendo evacuada. Além disso, o embaixador já retornou ao trabalho.

Entenda o conflito no Sudão

Os confrontos que chegaram no quinto dia envolvem tropas de dois generais, que eram aliados: Abdel-Fattah Burhan, comandante das Forças Armadas, e o general Mohammed Hamdan Dagalo, chefe do RSF. Ambos orquestraram em conjunto um golpe militar que ocorreu em outubro de 2021 e agora disputam a hegemonia do poder. Nos últimos meses, organismos internacionais intermediaram um acordo entre os comandantes e partidos políticos para restabelecer a democracia sem sucesso.

Sob pressão internacional, Burhan e Dagalo concordaram recentemente com um acordo com partidos políticos e grupos pró-democracia. Mas a assinatura foi repetidamente adiada à medida que aumentavam as tensões sobre a integração do RSF nas Forças Armadas e a futura cadeia de comando.

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