O CEO da Gemalto: The Intercept, um site de investigação, afirmou que a Gemalto havia sofrido um ataque maciço dos serviços de inteligência dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha (Kenzo Tribouillard/AFP)
Da Redação
Publicado em 25 de fevereiro de 2015 às 11h06.
Paris - A empresa francesa Gemalto, que fabrica chips SIM para telefones celulares, confirmou nesta quarta-feira ter sofrido ataques sofisticados em 2010 e 2011, mas negou que tenha ocorrido um roubo maciço de dados.
Na semana passada, o The Intercept, um site de investigação, afirmou que o líder mundial do setor havia sofrido um ataque maciço dos serviços de inteligência dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha.
O The Intercept indicou que sua informação se baseava em documentos entregues por Edward Snowden, um ex-analista da Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos refugiado em Moscou.
No período englobado pelos documentos da NSA e do GCHQ (Quartel General de Comunicações do Governo do Reino Unido) vazados pelo The Intercept, "confirmamos ter enfrentado vários ataques. Em 2010 e 2011 precisamente detectamos dois ataques particularmente sofisticados que podem estar vinculados a esta operação", disse a Gemalto em um comunicado.
A empresa considera provável a operação denunciada pelo The Intercept.
"No mesmo período registramos várias tentativas de acesso aos computadores dos colaboradores da Gemalto", disse o comunicado.
"Naquele momento não pudemos identificar os autores destes ataques, mas agora pensamos que podem estar ligados à operação do GCHQ e da NSA", disse a Gemalto.
No entanto, "os ataques contra a Gemalto só afetaram as redes de escritórios, pelo qual não pode ter ocorrido um roubo maciço de chaves codificadas nos chips SIM", afirmou o comunicado.
"As chaves codificadas e os dados dos clientes não estão armazenados nas redes" afetadas pela espionagem, acrescentou a Gemalto.
"Só alguns casos excepcionais podem ter levado a um roubo" e os dados "eventualmente roubados através deste método só podem ser explorados em redes de segunda geração (2G)", utilizados para a transmissão da voz, e não de dados, explicou a empresa informática francesa.
"As redes 3G e 4G não são vulneráveis a este tipo de ataques. Este ataque não envolve outros produtos da Gemalto", afirmou o comunicado.
"O GCHQ, com apoio da NSA, vigiou comunicações privadas" de engenheiros e de outros funcionários do grupo Gemalto em vários países para roubar os códigos, afirmava o artigo do The Intercept, dirigido pelo jornalista Gleen Greenwald, que publicou as revelações de Edward Snowden.