O secretário americano do Tesouro, Timothy Geithner, quer uma maior regulação do sistema financeiro (Chung Sung-Jun/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 18 de fevereiro de 2011 às 16h45.
Paris - O sistema financeiro deve permitir que os bancos decretem falência sem que os Estados sejam obrigados a resgatá-los, declarou nesta sexta-feira o secretário americano do Tesouro, Timothy Geithner, durante uma conferência em Paris, paralelamente ao G-20 Finanças.
"Queremos dirigir um sistema dentro do qual exista a possibilidade de uma falência", explicou Geithner, referindo-se ao famoso "too big too fail", segundo o qual alguns estabelecimentos são muito importantes para serem abandonados à própria sorte.
Mas "não é necessário que isso aconteça da mesma maneira como foi nos Estados Unidos, onde a prática devastou o sistema inteiro", acrescentou, fazendo alusão ao pedido de quebra do banco Lehman Brothers, em setembro de 2008.
Para isto, é preciso "um sistema onde os bancos mais importantes apliquem exigências de capital e liquidez muito mais ambiciosas", acrescentou, relembrando que o acordo a que o G20 chegou em Seul, em setembro, concordava com esta ideia.
A lei de regulação financeira batizada Dodd/Frank, adotada em julho nos Estados Unidos, deu aos reguladores os poderes necessários para administrar de maneira ordenada a falência de um estabelecimento.
Uma reflexão sobre o tema de um mecanismo de quebra ordenado está em curso dentro da Comissão Europeia e propostas devem ser feitas até o verão (do hemisfério norte).
Para Geithner, a principal diferença entre o sistema bancário europeu e o americano é que "na Europa, a vontade de se apoiar no suporte implícito, que o Estado está sendo pronto a oforecer, é mais forte que nos Estados Unidos".
"Isso explica o porquê de algumas autoridades (europeias) estarem mais dispostas a aceitar um sistema com exigências de capital menos elevadas do que nós julgamos apropriadas nos Estados Unidos", acrescentou.
"Para ser direto, vocês toleram bem menos que seus estabelecimentos financeiros quebrem", declarou o secretário americano do Tesouro.