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Da Redação
Publicado em 22 de novembro de 2012 às 15h13.
Gaza - Gaza comemorou nesta quinta-feira, unida, o que considera uma "vitória" sobre Israel, e começou a voltar à normalidade no primeiro dia de trégua após uma semana de bombardeios que deixaram 164 mortos, 1.300 feridos e muitos danos materiais.
As lojas abriram suas portas de manhã e as crianças voltaram a fazer das ruas seu território de jogos e brincadeiras, enquanto os pescadores saíam para trabalhar pela primeira vez desde que começou, no último dia 15, a brutal ofensiva israelense contra a faixa.
O trânsito caótico voltou a congestionar as principais vias da faixa, mas os motoristas não se queixavam e gritavam como habitualmente: hoje é para todos um dia de festa. E, também, um dia de irmandade, no qual todos se sentem parte de um mesmo êxito: o que consideram um "triunfo" de Gaza sobre Israel.
Ao meio-dia se concentraram na avenida de Omar Al Mukhtar milhares de pessoas em um mar de bandeiras de diferentes cores, um cenário nada habitual em Gaza, onde o comum é que só sejam vistas as bandeiras verdes do Hamas ou as negras da Jihad Islâmica.
Hoje, milhares de seguidores do movimento nacionalista palestino Fatah se atreveram, pela primeira vez em anos, a sair às ruas de Gaza tremulando ostensivamente suas bandeiras amarelas.
Um dos líderes do Fatah, o negociador-chefe palestino Nabil Shaath, recebia ovações e gritos de entusiasmo na sacada do edifício do parlamento, junto com o primeiro-ministro do Hamas, Ismail Haniyeh, e os mais destacados líderes do movimento islamita.
Muitos veem no acordo de trégua com Israel e nestes gestos das duas facções palestinas, em lados conflitantes desde que o Hamas tomou em 2007 o controle de Gaza, a abertura de uma possibilidade real para a reconciliação e a volta à unidade.
"Ganhamos e haverá unidade. Hoje nossa gente sai saudar e felicitar nossos líderes, que nos fizeram ganhar esta batalha. E também os mártires, que derramaram seu sangue por esta vitória", declarou à Agência Efe Khalil Il Haya.
Os alto-falantes das mesquitas soavam temas nacionalistas e de triunfo, e os que foram colocados no edifício do parlamento transmitiam discursos dos dirigentes das várias milícias que felicitam seu povo.
"Hoje nosso povo ganhou. Nossos lutadores ganharam de novo do inimigo, Israel. Vergonha para Israel. Hoje ganhamos em Gaza, e amanhã ganharemos em Jerusalém e em toda a nossa terra", afirmava, com grande entusiasmo, um membro do Hamas, entre aplausos do público.
"Fatah, Hamas e a Jihad (Islâmica) somos só um", gritava.
Enquanto prosseguia a festa política, protagonizada fundamentalmente por homens, a vida voltava pouco a pouco à rotina diária.
Os comerciantes varriam as ruas em frente a suas lojas, funcionários municipais limpavam calçadas e jardins com flores e canteiros, e escavadeiras retiravam escombros dos edifícios bombardeados.
As mulheres compravam comida e roupa e solucionavam os problemas domésticos que não tinham podido atender em oito dias de clausura.
"Foram dias muito difíceis em nossa casa. Muito difíceis. Tínhamos muito medo. Todo o tempo os bombardeios nos assustavam, e tínhamos que correr para debaixo das cadeiras e das mesas", contou à Efe Fatima Abu Hamde, que havia levado sua filha ao hospital por ela ter quebrado um dedo do pé em uma queda em casa devido ao pânico gerado por uma explosão.
Nasser Ganim, proprietário de uma loja de artigos elétricos em frente ao complexo militar de Al Saraya, que foi bombardeado e ficou totalmente destruído há poucos dias, disse que a última semana "foi terrível", que seu maior temor eram seus oito filhos e que "o pior de tudo era ver as fotos das crianças mortas".
"Esta é uma grande vitória para a Palestina. Ainda somos fortes", disse à Efe Samah Ganem, mãe de quatro filhos, para quem os últimos oito dias foram "de tensão, por não conseguir dormir nem comprar comida ou descansar".