Militar turco atende bebê no aeroporto de Cabul: tensões crescem e G7 convoca reunião de emergência (Turkish National Defence Ministry/Divulgação)
Carla Aranha
Publicado em 24 de agosto de 2021 às 06h00.
O aumento das tensões no Afeganistão, com a intensificação do cerco do Talibã contra civis que tentam escapar do país, o G7, grupo de países ricos, deve se reunir por videoconferência nesta terça, 24, em busca de soluções para a crise.
O encontro deverá ser liderado pelo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson. De acordo com fontes diplomáticas, o Reino Unido deve propor sanções ao Talibã, grupo fundamentalista que tomou o controle no país há pouco mais de uma semana.
Ao mesmo tempo, os Estados Unidos e outros países tentam ganhar tempo na operação de resgate de civis. A Alemanha estuda utilizar aeronaves civis para a missão na semana que vem. O problema é que o prazo oficial para o fim da evacuação é 31 de agosto – e, até lá, dificilmente será possível retirar todos os americanos, europeus e afegãos que colaboraram com os países ocidentais.
Nesta segunda, 23, o Talibã disse que não permitirá uma extensão do período estipulado para a evacuação. Segundo um comunicado do grupo, os países que insistirem em continuar as operações terão que “arcar com as consequências”.
A tensão em Cabul vem crescendo dia a dia. Nesta segunda, um militar afegão foi morto em uma troca de tiros com militantes do Talibã no aeroporto da capital. Forças americanas e britânicas tomaram parte no confronto.
Aumenta também a dificuldade de se chegar ao aeroporto, com barreiras militares do Talibã nas proximidades e milhares de pessoas tentando alcançar o local. Estados Unidos, Reino Unido e outros países ainda não conseguiram evacuar todos seus cidadãos e afegãos que colaboraram com as embaixadas e forças militares.
Diante da complexidade do cenário, os Estados Unidos e a Alemanha decidiram liberar algumas tropas para fazer incursões em Cabul com o objetivo de resgatar pessoas que não conseguem chegar ao aeroporto. O transporte precisa ser feito de helicóptero.
Também cresce a preocupação com a ameaça que militantes do Estado Islâmico podem representar no Afeganistão – alguns de seus afiliados estavam em prisões que foram desmanteladas pelo Talibã, que por sua vez não esconde os laços com a Al Qaeda.
No dia 15, o Talibã entrou na capital e declarou ter domínio sobre a maior parte das cidades do país, aproveitando o vácuo deixado pelos Estados Unidos. O processo de retirada militar do Afeganistão foi iniciado pelo ex-presidente Donald Trump e concluído por Joe Biden.
Todas as tropas americanas devem deixar o país até o final deste mês. Biden anunciou no início do ano que a “guerra sem fim” no Afeganistão chegaria ao fim em 31 de agosto, com retirada total das forças americanas.