Barack Obama: "a Europa e a América estão unidos em nosso apoio ao governo ucraniano e ao povo ucraniano", disse (AFP)
Da Redação
Publicado em 24 de março de 2014 às 20h31.
Haia/Feodosia - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e seus principais aliados das nações mais industrializadas do mundo advertiram a Rússia nesta segunda-feira de que enfrentará sanções econômicas prejudiciais se o presidente russo, Vladimir Putin, adotar novas medidas para desestabilizar a Ucrânia após a ocupação da Crimeia.
Líderes do G7, em uma reunião sem a Rússia (que integra o G8), concordaram em realizar a sua própria cúpula neste ano, em vez de participarem da reunião do G8 marcada para Sochi, sede dos Jogos Olímpicos de Inverno, na costa do Mar Negro - perto da Crimeia - e também em suspender a participação deles no G8 até que a Rússia mude de atitude.
Num dia em que o governo da Ucrânia ordenou a retirada de suas tropas remanescentes na Crimeia e as forças russas usaram a força para capturar uma base naval e um navio, os líderes de Estados Unidos, Alemanha, França, Grã-Bretanha, Itália, Japão e Canadá condenaram o que chamaram de "tentativa ilegal da Rússia de anexar a Crimeia, em violação ao direito internacional".
Eles também concordaram em trabalhar juntos para reduzir sua dependência do petróleo e gás russos.
"Continuamos prontos para intensificar ações, incluindo sanções coordenadas setoriais que terão um impacto cada vez mais significativo na economia russa, se a Rússia continua a escalar esta situação", disseram em uma declaração conjunta.
Os líderes do G7, reunidos à margem de uma cúpula sobre segurança nuclear em Haia, disseram que se encontrarão novamente em Bruxelas no início de junho. É a primeira vez desde que a Rússia se juntou ao G8, em 1998, que será excluída da cúpula anual das democracias industrializadas.
Obama, que impôs sanções mais duras a Moscou do que os líderes europeus por causa da tomada da estratégica península, disse a repórteres: "A Europa e a América estão unidos em nosso apoio ao governo ucraniano e ao povo ucraniano".
"Estamos unidos para impor um custo sobre a Rússia por suas ações até agora", disse ele sobre as proibições de vistos e congelamento de bens sobre altos funcionários russos e da Crimeia.
O chanceler russo, Sergei Lavrov, procurou minimizar o boicote ao G8.
"Se os nossos parceiros ocidentais acreditam que o formato se esgotou, nós não nos apegamos a esse formato. Nós não acreditamos que vai ser um grande problema se não houver reunião", disse ele a repórteres.
Resistência Encerrada
Na manhã desta segunda-feira, as tropas russas invadiram uma base naval ucraniana no porto de Feodosia, se impondo sobre um dos últimos símbolos remanescentes de resistência, e mais tarde invadiram e capturaram um navio ucraniano, disparando tiros de advertência e granadas de efeito moral. Não foram registradas vítimas em nenhum dos incidentes.
Em Kiev, o presidente em exercício Oleksander Turchinov disse ao Parlamento que os soldados ucranianos remanescentes e suas famílias seriam retirados da região em face de "ameaças à vida e à saúde de nosso pessoal".
Isso efetivamente põe fim a qualquer resistência ucraniana, menos de um mês desde que Putin declarou o direito da Rússia de intervir militarmente no território de seu vizinho.
Funcionários da Casa Branca que acompanham Obama expressou preocupação nesta segunda-feira pelo que consideram ser um acúmulo de tropas russas perto da Ucrânia e avisaram que qualquer outra intervenção militar poderia desencadear sanções mais amplas do que as medidas tomadas até agora.
Uma autoridade dos EUA disse que a Rússia tem cerca de 20.000 soldados perto da fronteira ucraniana. A intervenção russa no leste da Ucrânia ou no sul seria o gatilho mais evidente para novas sanções, bem como a violência na Crimeia, disse outra autoridade dos EUA.
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) também teme que Putin possa ter planos para a Transdnístria, uma região separatista russa que faz parte de uma outra ex-república soviética, a Moldávia.
A Rússia disse que está cumprindo os acordos internacionais sobre os movimentos de tropas e não tem planos de invasões.