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G20 se reúne sob ameaça de reação em cadeia da crise grega

Líderes temem que problemas econômicos cheguem a outros países do bloco e cause uma recessão mundial

Líderes do G20 em Cannes, com o presidente americano, Barack Obama à frente (Lionel Bonaventure/AFP)

Líderes do G20 em Cannes, com o presidente americano, Barack Obama à frente (Lionel Bonaventure/AFP)

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Da Redação

Publicado em 3 de novembro de 2011 às 14h06.

Cannes - A crise da dívida na Europa, que se propaga da Grécia para a Itália e ameaça afundar a economia mundial em uma nova recessão, tem sido o foco das discussões das potências do G20 nesta quinta-feira em Cannes.

A crise da Grécia domina as discussões entre os países que participam desta reunião iniciada na tarde de hoje e que será concluída na sexta-feira.

Para o primeiro-ministro japonês, Yoshihiko Noda, é preciso evitar "uma reação em cadeia" causada pelos problemas orçamentários de alguns países, que provocaria "um enorme impacto" sobre a economia real europeia e dos países emergentes.

Noda recomendou evitar o "colapso do setor financeiro" e a injeção de dinheiro nos bancos.

O presidente americano, Barack Obama, considerou que "a tarefa mais importante para os próximos dois dias é resolver a crise financeira da Europa".

O bloco do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) também pressiona a Eurozona para a resolução desta crise, que se aprofundou após a decisão do primeiro-ministro grego, George Papandreou, de convocar um referendo sobre o pacote de ajuda elaborado e aprovado em Bruxelas na semana passada.

"A Europa deve resolver o problema da dívida europeia", disse o presidente chinês, Hu Jintao.

O dia esteve cheio de rumores sobre a situação política grega. Um informe indicou nesta tarde que Papandreou está disposto a abandonar o referendo.

O líder grego submeterá na sexta-feira a um voto de confiança do Parlamento, onde o destino do governo está por um fio devido as discrepâncias entre os socialistas (no poder).

A chanceler alemã, Angela Merkel, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, a diretora do FMI, Christiane Lagarde e os demais representantes europeus anunciaram na quarta-feira à noite que novos fundos para a Grécia só serão desbloqueados após uma reposta clara do país às incertezas atuais.


No momento, os 8 bilhões de euros da última parcela do empréstimo de 110 bilhões concedido em maio do ano passado para Atenas estão bloqueados.

"Esperamos manter a Europa com nossos amigos gregos", mas ele "deve decidir se continua nesta aventura com a gente ou não", disse Sarkozy para Papandreou. "Existem regras que precisam ser respeitadas" para que o FMI e a Europa continuem com a ajuda à Grécia, acrescentou.

O presidente russo, Dimitri Medvedev, afirmou que o mundo inteiro espera "boas notícias da Grécia e não notícias exóticas ou populistas", em alusão as iniciativas de Atenas.

Os mercados aumentaram o cerco à Itália, cujos títulos de dez anos alcançaram nesta quinta-feira um nível recorde de 6,399%, sinal da desconfiança que persiste entre os investidores. O país possui uma dívida de 1,9 trilhão de euros, o equivalente a 120% do seu PIB.

O chefe do governo italiano, Silvio Berlusconi, apresentou aos seus parceiros europeus as medidas anticrise adotadas na véspera e que serão levadas ao Senado na próxima semana, segundo uma fonte governamental.

Em meio a tanta confusão, os mercados europeus reverteram seus números negativos durante a abertura impulsionados pelo Banco Central Europeu (BCE), que cortou sua taxa básica de juros em um quarto de ponto, para 1,25%.

Pela tarde, o mercado de ações de Frankfurt ganhava 3,17%, Paris +3,03%, Milão +3,81%, Londres +1,18% e Madri +1,9%.

Os europeus querem acelerar e potencializar o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), para evitar que a crise da dívida atinja economias maiores como a Itália e a Espanha, disse uma fonte diplomática.

A China poderá destinar 100 bilhões de dólares para ajudar a Eurozona, afirmou um membro do comitê de política monetária do banco central chinês ao jornal francês Le Figaro nesta quinta-feira.

O Brasil reiterou sua disposição em dar sua contribuição financeira através do FMI para ajudar a Europa e não descarta um apoio via FEEF, disseram fontes diplomáticas brasileiras.

Enquanto a crise europeia é o centro da agenda do G20, as prioridades da presidência temporária francesa são: fortalecer e estabilizar o sistema monetário internacional, impor um imposto sobre transações financeiras, eliminar os paraísos fiscais e dar uma dimensão social a globalização, especialmente com a regulamentações dos mercados de commodities e os vários aspectos relacionados ao emprego e a proteção social.

A presidente argentina, Cristina Kirchner, cujo país declarou seu default há dez anos, pediu que seus parceiros do G20 acabem com o "anarco-capitalismo financeiro" e "mudem de tratamento" para regular os mercados e tirar a economia mundial da crise.

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