Donald Trump: crises com relação ao presidente americano ameaçam as conversas na cúpula do G20 (Molly Riley-Pool/Getty Images/Getty Images)
AFP
Publicado em 5 de julho de 2017 às 10h04.
Donald Trump participará no final desta semana da reunião de cúpula do G20, na Alemanha, sob grande tensão, em razão das escolhas políticas polêmicas de Washington e de manifestantes que prometem o "inferno" perto do local da reunião.
O disparo de um míssil intercontinental pela Coreia do Norte, capaz, segundo especialistas americanos, de atingir o Alasca, e as tensões entre os Estados Unidos e a China somam-se a uma longa lista de assuntos sensíveis.
As divergências devem se concentrar sobre o clima e o comércio entre o novo presidente americano e a maioria dos demais líderes dos países mais industrializados e emergentes reunidos na sexta-feira e sábado em Hamburgo.
"Espero que sejamos capazes de vencer alguns obstáculos, mesmo sem saber qual será o resultado final", ressaltou nesta quarta-feira a chanceler alemã Angela Merkel, após um encontro como presidente chinês Xi Jinping, que está em Berlim para celebrar o empréstimo de dois pandas ao zoológico da cidade e supervisionar um contrato de venda de Airbus por 22,8 bilhões de dólares.
- Contra a corrente -
Os Estados Unidos nadam contra a corrente ao questionar e se retirar do Acordo de Paris de luta contra o aquecimento climático ou ameaçando com medidas protecionistas. Também adotam uma postura muito firme quanto a questão migratória.
O governo alemão faz do clima sua prioridade, prevendo a adoção de um "plano de ação" para implementar concretamente a nível de G20 o Acordo de Paris.
"A administração americana tem uma concepção sobre a globalização diferente da nossa na Alemanha", porque os Estados Unidos a veem "como um processo com vencedores e perdedores", lamentou Merkel em uma entrevista que será publicada na quinta-feira no Die Zeit.
Sobre o comércio, os americanos ameaçaram adotar taxas de importação contra a China e a Alemanha.
Além dos assuntos tradicionais do G20, os trabalhos da cúpula - sem o rei da Arábia Saudita que anulou sua participação - correm o risco de serem obscurecidos pelas muitas crises.
A começar pelo programa nuclear norte-coreano, que ganhou mais um capítulo com o disparo no dia anterior de um míssil intercontinental.
Isso "constitui uma nova escalada da ameaça (norte-coreana) aos Estados Unidos, aos nossos aliados e parceiros, à região e ao mundo", considerou o secretário de Estado americano, Rex Tillerson.
Uma mini-cúpula entre os Estados Unidos, o Japão e a Coreia do Sul está prevista para quinta-feira em Hamburgo, na véspera do G20.
Donald Trump e o presidente chinês Xi Jinping estarão na mesma mesa durante o G20, enquanto Washington critica Pequim por não pressionar Pyongyang o suficiente e que a China pede em contrapartida o fim dos exercícios militares dos Estados Unidos com a Coreia do Sul.
O G20 também será marcado pelo primeiro encontro entre Donald Trump e o presidente russo Vladimir Putin.
O general H.R. McMaster, conselheiro de Segurança Nacional, havia enfatizado que Donald Trump desejava uma relação "mais construtiva" com a Rússia. Mas as relações entre os dois países se deterioraram ainda mais após o fortalecimento das sanções de Washington contra Moscou por seu papel na crise ucraniana e seu apoio ao regime sírio.
Além disso, o encontro vai acontecer em meio à polêmica nos Estados Unidos sobre a influência russa nas eleições americanas e sobre pessoas próximas a Trump.
Do lado de fora do local da reunião, milhares de manifestantes prometem o "inferno" segundo seu lema.
Os organizadores esperam mais de 100.000 manifestantes, enquanto a polícia estima entre7.000 e 8.000 o número de militantes que podem ser violentos.
Hamburgo é um berço de contestação histórico. A polícia, que mobilizou mais de 20.000 agentes, teme em particular uma manifestação na quinta-feira, cujo lema é "Welcome to hell" ("Bem-vindo ao inferno").