Estados Unidos precisa evitar desvalorização competitiva do dólar (Justin Sullivan/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 24 de outubro de 2010 às 15h18.
Coreia do Sul - Os rumores exaltados de uma guerra cambial cederam lugar a uma trégua incerta, mas esta guerra, que até agora ficou apenas na teoria, ainda pode gerar um ataque aberto.
O documento que saiu das discussões acirradas entre ministros das finanças do Grupo das 20 maiores economia do mundo na Coreia do Sul este fim de semana apenas passou por cima das visões radicalmente diferentes dos dois principais beligerantes --os Estados Unidos e a China.
Às vezes, essas reuniões internacionais são um começo, com acordos que eventualmente geram políticas práticas. Mas, na maioria das vezes, não passam disso.
E o que os mercados internacionais viram em Gyeongju foram dois países em pólos extremos em termos da responsabilidade pelo desequilíbrio global que está gerando a volatilidade no câmbio e ameaça gerar um protecionismo típico do pós-crise dos anos 1930 --num momento em que a recuperação global, segundo o próprio G20, se encontra "frágil e incerta".
"Sobre o câmbio, eu gostaria de ter visto um progresso mais substancial", disse o ministro de Finanças canadense, Jim Flaherty.
"Progredimos em termos de direção", afirmou o ministro, acrescentando que: "houve muita resistência por parte da China e alguns outros países também. Creio que há um certo nervosismo em relação à fragilidade da recuperação econômica". Washington insistiu que os países com altos superávits, principalmente a China, precisam permitir a valorização de suas moedas.
O resultado disso no acordo de sábado foi um apelo por sistemas de taxa de câmbio com maior influência do mercado, que se evitem desvalorizações competitivas e pela busca de um conjunto completo de políticas para reduzir os atuais desequilíbrios de contas nacionais.
As economias em desenvolvimento reagiram criticando os países ricos por terem injetado mais recursos no sistema, inflando as bolhas de ativos e forçando suas taxas de câmbio em detrimento das indústrias de exportação nas quais dependem para crescer.
O resultado disso, por sua vez, foi a promessa redigida no acordo de que os países que emitem moedas de reserva --implicando que se trata principalmente dos EUA-- seriam mais vigilantes contra a volatilidade em excesso e os movimentos desordenados nas taxas de juro.
"O resultado da reunião do G20 mostra claramente um progresso no debate de reequilíbrio das políticas globais", disse o estrategista-chefe de câmbio da Goldman Sachs em Londres, Thomas Stolper.
"No momento, não é um acordo igual ao do Plaza sinalizando uma ampla concordância sobre o papel do câmbio no reequilíbrio global", acrescentou, em referência ao Acordo Plaza, assinado em 1985 pelos cinco maiores países para desvalorizar o dólar.