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Futuro político de Sarkozy é ameaçado pela Justiça

A ameaça de um processo no Tribunal Correcional paira sobre o líder da oposição, que se prepara ativamente para as eleições presidenciais de 2017

Nicolas Sarkozy: a ameaça de um processo no Tribunal Correcional paira sobre o líder da oposição, que se prepara ativamente para as eleições presidenciais de 2017 (Eric Feferberg/AFP)

Nicolas Sarkozy: a ameaça de um processo no Tribunal Correcional paira sobre o líder da oposição, que se prepara ativamente para as eleições presidenciais de 2017 (Eric Feferberg/AFP)

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Da Redação

Publicado em 7 de maio de 2015 às 09h25.

Paris - A justiça francesa validou nesta quinta-feira as comprometedoras escutas telefônicas que provocaram uma investigação por corrupção contra o ex-presidente Nicolas Sarkozy, um novo obstáculo na tentativa do conservador de retornar ao poder.

A ameaça de um processo no Tribunal Correcional paira sobre o líder da oposição, que, à frente de seu partido, o conservador UMP, se prepara ativamente para as eleições presidenciais de 2017.

O Tribunal de Apelação de Paris considerou que as escutas judiciais das conversas entre Sarkozy e seu advogado, Thierry Herzog, que, segundo os investigadores, revelam uma tentativa de corrupção de um alto magistrado, não eram ilegais.

Segundo a lei, o sigilo das conversas entre um advogado e seu cliente não se sustenta se estas revelam a participação em um delito.

O recurso de cassação que será apresentado pela defesa não impedirá o reinício da investigação, paralisada há alguns meses.

"Ao contrário do que legitimamente esperávamos, o tribunal não aceitou nossa petição para desconsiderar (as gravações)", disse Paul-Albert Iweins, que defende Herzog.

O caso levou Sarkozy a se tornar, em junho de 2014, o primeiro ex-chefe de Estado (2007-2012) da história investigado pela justiça. Ele foi acusado de "corrupção ativa", "tráfico ativo de influência" e "encobrir a violação do sigilo profissional".

Ao lado de seu advogado, Sarkozy é suspeito da tentativa de obter de maneira indevida, por meio de um alto magistrado do Tribunal de Cassação, Gilbert Azibert, informações sobre uma investigação por abuso de fragilidade contra a bilionária Liliane Bettencourt. Apesar de tudo, o processo contra Sarkozy foi arquivado neste caso.

Em troca da informação desejada, Sarkozy pode ter prometido a Azibert um posto de prestígio em Mônaco. No final, nem o ex-presidente conseguiu o pleito, nem Azibert o cargo. Mas isto não muda nada, já que a simples intenção basta para iniciar um processo.

As escutas das conversas entre Sarkozy e Herzog são essenciais no caso. Os diálogos "não deixam nenhuma dúvida sobre sua vontade e esperanças", afirmou uma fonte próxima à investigação.

"Eu o farei ascender", afirmou Sarkozy em 5 de fevereiro de 2014 a Herzog a respeito de Azibert.

"Eu o ajudarei", insistiu, em um conversa em um telefone celular adquirido com o nome falso de Paul Bismuth e entregue por seu advogado, para tentar manter a discrição.

No dia 11, em uma conversa com os telefones extraoficiais, os dois combinam uma nova ligação, na linha oficial de Sarkozy, que eles sabiam que estava sendo grampeada. Sarkozy ironizou os "senhores que nos escutam".

No dia 23, quando o ex-presidente viajou ao Principado de Mônaco, Herzog recordou que, se tivesse a oportunidade, "falasse algo sobre Gilbert". Sarkozy aceitou e disse que faria "a gestão", o que confirmou dois dias depois. Mas no dia seguinte, no entanto, manifestou oposição.

Sarkozy não considera nada errado em sua atuação e questiona a imparcialidade política dos dois juízes do caso. Para os investigadores, a súbita mudança de opinião pode ser explicada pelo fato de que os dois homens terem acabado de saber que os telefones não oficiais também estavam sendo grampeados.

Herzog e Gilbert Azibert também estão sendo investigados.

Sarkozy também está sendo investigado em outros dois casos, dois deles relacionados com o financiamento da campanha eleitoral de 2012 - quando perdeu para o atual presidente François Hollande - e outro sobre uma mediação financeira de 2008 que beneficiou o empresário Bernard Tapie e que foi anulada em fevereiro.

A justiça também investiga as acusações, não provadas, de que o regime líbio de Muamar Khadafi financiou parte de sua campanha eleitoral em 2007.

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