Estrago do furacão Michael na Flórida (U.S. Customs and Border Protection/Glenn Fawcett/Handout/Reuters)
AFP
Publicado em 12 de outubro de 2018 às 13h46.
O furacão Michael, uma tempestade devastadora que deixou um rastro de destruição no noroeste da Flórida, causou a morte de onze pessoas em três estados em sua passagem pelo território norte-americano, do qual saiu na manhã desta sexta-feira, diminuído à condição de um ciclone pós-tropical.
Depois de atingir as comunidades costeiras no Panhandle da Flórida - como esta área é conhecida na Costa do Golfo -, a violência remanescente da tempestade matou cinco pessoas no estado da Virgínia.
Em um boletim do início desta sexta, o Departamento de Gerenciamento de Emergências da Virgínia escreveu no Twitter: "5 mortes confirmadas relacionadas a Michael, 520 mil sem eletricidade, 1.200 estradas fechadas, 5 supostos tornados".
Dessa forma, o número de mortos aumentou para 11, incluindo quatro mortes no condado de Gadsden, na Flórida, uma na vizinha Geórgia e uma na Carolina do Norte.
O olho de Michael tocou terra na quarta-feira perto de Mexico Beach, uma cidade 30 km a sudeste de Cidade do Panamá, como um furacão de categoria 4 (de ummáximo de 5 na escala Saffir-Simpson), de acordo com o Centro Nacional de Furacões (NHC).
Mais tarde, Michael se degradou para uma tempestade tropical e nesta sexta-feira mudou de rumo para o Oceano Atlântico, a leste de Norfolk, na Virgínia, de acordo com o NHC.
De acordo com as autoridades, mais de 400 mil residências e empresas estavam sem energia na Flórida, e 20 mil funcionários do serviço público foram mobilizados para restaurar os serviços.
Além disso, mais de 2.000 soldados da Guarda Nacional da Flórida continuam a trabalhar nas operações de resgate, para com a ajuda de cerca de 3.000 membros da Agência Federal de Gerenciamento de Emergências (FEMA).
O presidente Donald Trump prometeu ajuda às vítimas. "Nossos corações estão com as milhares de pessoas que sofreram danos materiais, em muitos casos a destruição foi total", disse o presidente. "Não vamos descansar ou hesitar até que o trabalho esteja concluído e a recuperação esteja completa."
Os ventos de 250 quilômetros por hora arrancaram várias casas de suas fundações em Mexico Beach, que tem cerca de 1.000 habitantes, deixando placas de concreto expostas.
As estradas se encontram intransitáveis e os canais tomados pelos escombros.
Um residente de Mexico Beach descreveu o impacto das fortes marés causadas pelo ciclone à CNN: "Quando a água entrou, as casas começam a flutuar", contou o homem identificado apenas como Scott.
"Não há mais nada aqui. Nossa vida se foi, todas as lojas, todos os restaurantes, tudo, é difícil de entender", lamentou.
As imagens mostram barcos jogados nos pátios e ruas que foram tomadas por árvores e linhas de energia arrancadas.
A vizinha Cidade do Panamá também parecia um cenário de guerra.
Lá, Margaret Decambre, 48 anos, viu a tempestade passar em seu apartamento no quarto andar. "O vento era tão forte que empurrava a água pelas janelas e portas", recordou.
"É uma devastação total. Não há energia, não há água, não há comunicação", acrescentou.
O governador da Flórida, Rick Scott, chamou a situação de "devastação impensável", e disse que a prioridade era procurar sobreviventes entre as pessoas não evacuadas.
"Estou muito preocupado com nossos cidadãos que não foram evacuados e espero que não tenhamos muitas perdas de vidas", disse ele à ABC.
A rapidez com que a tempestade se formou e cresceu surpreendeu especialistas e pegou os moradores desprevenidos. O chefe da FEMA, Brock Long, descreveu Michael como o furacão mais intenso a atingir a área desde 1851.
Ken Graham, diretor do NHC, havia avisado: "Infelizmente, esta é uma situação histórica, incrivelmente perigosa e com risco de vida".
Calcula-se que cerca de 375.000 pessoas de mais de 20 municípios receberam ordens de evacuação, obrigatórias ou voluntárias.
No ano passado, uma catastrófica série de furacões atingiu o Atlântico Ocidental. Os mais devastadores foram Harvey no Texas, Irma no Caribe e Flórida, e Maria, que atingiu o Caribe e deixou quase 3.000 mortos no território americano de Porto Rico.
A temporada de furacões do Atlântico termina em 30 de novembro.