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Furacão Laura e incêndios na Califórnia são parte de um mesmo pacote

Episódios extremos como ondas de calor de 54 graus Celsius e incêndios em 400.000 hectares de florestas atingiram os EUA nas últimas semanas

Furacão Laura atinge o estado de Luisiana, nos EUA no dia 27 de agosto (Joe Raedle/Getty Images)

Furacão Laura atinge o estado de Luisiana, nos EUA no dia 27 de agosto (Joe Raedle/Getty Images)

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Bloomberg

Publicado em 27 de agosto de 2020 às 16h53.

Última atualização em 27 de agosto de 2020 às 17h38.

Enquanto o furacão Laura atinge a Costa do Golfo dos Estados Unidos com ventos de quase 240 quilômetros por hora e eleva o nível das águas em quase 3 metros, os incêndios florestais na Califórnia ainda se espalham por mais de 400.000 hectares devido a uma onda de calor que bateu nos 54,4 graus Celsius — possivelmente a temperatura mais quente já sustentada na Terra. No interior do país, um furacão destruiu grande parte do estado de Iowa e deixou Chicago no escuro. E uma tempestade tropical deixou milhares em Nova York sem eletricidade por uma semana ou mais.

Estes são alguns exemplos de episódios climáticos extremos sofridos pelos Estados Unidos neste mês.

Os cientistas hesitam em culpar somente as mudanças climáticas por qualquer tempestade específica. Mas as condições climáticas extremas que agora testam o país, com um desastre atrás do outro, são exatamente o que os cientistas avisaram há muito tempo que aconteceria com o aquecimento do planeta. “Com todas essas coisas ficando mais prováveis, é possível haver essas coincidências onde temos todos os tipos de eventos climáticos extremos ocorrendo ao mesmo tempo”, disse Michael Wara, diretor do Programa de Política de Energia e Clima da Universidade Stanford.

Em momentos como este, disse ele, “parece que o clima está contra nós”.

Eventos climáticos extremos ficarão mais frequentes à medida que o aquecimento avança — não caminhando para um nível novo e estável, mas aprofundando o caos, alertou Kevin Trenberth, cientista que recentemente se aposentou do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica dos Estados Unidos. “Não existe um novo normal”, disse ele. “Ou se existir, é temporário, antes de surgirem mais mudanças.”

O estudo da atribuição climática ainda é relativamente novo e começou para valer em 2004, um ano após uma onda de calor matar 70.000 pessoas na Europa. Mas a ciência progrediu rapidamente. As ondas de calor, em particular, são cada vez menos interessantes para os pesquisadores. Friederike Otto, pesquisadora da Universidade de Oxford que organizou a iniciativa de Atribuição Climática Mundial, duvida que eles continuem estudando o salto das temperaturas na Califórnia pela perspectiva da mudança climática. “As evidências já são muito fortes”, disse ela.

O furacão Laura é apenas o mais recente da temporada de furacões no Atlântico que vêm gerando tempestades em ritmo recorde. Nunca sete furacões ou tempestades tropicais haviam atingido os Estados Unidos até o final de agosto, de acordo com Phil Klotzbach, autor principal do relatório de projeções sazonais da Universidade Estadual do Colorado, que traz um dos padrões mais respeitados de modelagem de tempestades.

O Atlântico já teve tempestades ativas anos atrás, mas os furacões extraem sua força da água mais quente e os pesquisadores há muito tempo alertam que o aumento das temperaturas globais causará mais tempestades poderosas.

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