Irma: o furacão chegou a gerar ventos de 295 km/h durante mais de 33 horas (Alvin Baez/Reuters)
AFP
Publicado em 8 de setembro de 2017 às 08h19.
O poderoso furacão Irma, rebaixado para a categoria 4, prosseguia em sua trajetória mortal pelo Caribe, onde deixou pelo menos 12 mortos mortos, enquanto Cuba e Estados Unidos se preparavam para o impacto.
Com ventos de 250 km por hora, o furacão continua "extremamente perigoso", advertiu o Centro Nacional de Furacões (NHC) dos Estados Unidos.
A passagem pelo Caribe foi devastadora: duas pessoas faleceram em Porto Rico, quatro nas Ilhas Virgens americanas, uma em Barbuda e cinco na ilha de Saint Martin: quatro do lado francês e uma do lado holandês.
Cuba espera a passagem do furacão - de categoria 5, a mais elevada - durante a noite de sexta-feira. As autoridades decretaram alerta máximo em sete de suas 15 províncias e obrigaram a retirada de 10.000 turistas estrangeiros.
Quase um milhão de pessoas receberam ordens de deixar áreas costeiras de Flórida e Geórgia, na maior evacuação maciça nos Estados Unidos em 12 anos.
"Será realmente devastador", antecipou na quinta-feira o diretor da Agência Americana de Gestão de Emergências (FEMA), Brock Long. "Todo o sudeste dos Estados Unidos deve se proteger".
Com rajadas de vento que chegaram a 295 km/h, o furacão varreu pequenas ilhas caribenhas como Saint Martin, onde 60% das casas ficaram inabitáveis.
"Parece como se uma podadora gigante tivesse descido do céu e passado pela ilha", explicou Marilou Rohan, moradora afetada, à emissora NOS.
"As casas foram esmagadas. As pessoas não têm esperança, vemos em seus olhos", acrescentou Rohan nesta ilha conhecida pelas praias paradisíacas e cujo território França e Holanda compartilham.
As autoridades francesas confirmaram quatro mortos em Saint Martin e 50 feridos. Do lado holandês, houve pelo menos um morto.
Além do cenário de horror, a ilha sofre com os saques.
A ministra francesa de Ultramar, Annick Girardin, que percorreu Saint Martin na quinta-feira, disse que viu alguns saques.
"A situação é grave", confirmou o primeiro-ministro holandês Mark Rutte.
Uma testemunha, citada pelo jornal holandês Algemeen Dagblad (AD), afirmou que "pessoas estão armadas nas ruas com revólveres e machados".
Nas Ilhas Virgens americanas, outras quatro pessoas morreram, anunciaram nesta quinta-feira autoridades locais.
Irma deixou uma décima vítima em Barbuda, uma ilha de 1.600 habitantes que, segundo seu primeiro-ministro, Gaston Browne, ficou "totalmente devastada".
"Os que não acreditam em mudanças climáticas, esperamos que mudem de opinião quando virem estes desastres naturais", destacou.
Porto Rico registrou a morte de duas pessoas.
Irma, que há algumas horas ainda era um furacão de categoria 5, a máxima, chegou a gerar ventos de 295 km/h durante mais de 33 horas, um recorde desde o início do monitoramento por satélites nos anos 1970.
As fortes rajadas arrancaram tetos, esmagaram contêineres de embarcações e deixaram escombros por todo lado. Aeroportos, portos e linhas telefônicas ficaram fora de serviço.
A tempestade segue para as Bahamas com ventos de 280 km/h, segundo o último boletim do Centro Nacional de Furacões (NHC).
A Cruz Vermelha Internacional informou que Irma afetou 1,2 milhão de pessoas, mas que a cifra poderia chegar a 26 milhões.
O primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, descreveu o desastre como "inimaginável e sem precedentes".
Seu governo enviou mais de 100.000 rações de combate, enquanto a Holanda se apressa a fornecer comida e água para 40.000 pessoas.
A França também tenta estabelecer uma ponte aérea para levar ajuda às ilhas afetadas e evacuar os feridos, explicou a ministra francesa de Ultramar, Annick Girardin, que chegou na quinta-feira juntamente com 150 socorristas a Guadalupe, que serve como base de operações.
O custo dos danos provocados pelo furacão nas Antilhas francesas pode ser muito superior a 200 milhões de euros, afirmou o CCR, o instituto de resseguros públicos da França, especializado em catástrofes naturais.
Enquanto isso, o Reino Unido desbloqueou 35 milhões de euros e enviou dois navios militares para auxiliar.
Além de duas mortes, quase 1,5 milhão de pessoas estavam sem luz em Porto Rico, enquanto rios transbordaram no centro e no norte da ilha. O governador Ricardo Rossello ativou a Guarda Nacional e abriu albergues para 62.000 pessoas.
O arquipélago britânico Turcas e Caicos também estão na rota de Irma, o que obrigou a evacuação de algumas de suas ilhas.
"Um número importante de pessoas que vive em áreas muito baixas fica muito vulnerável", explicou à BBC o governador do arquipélago, John Freeman, confirmando o desalojamento de turistas estrangeiros.
República Dominicana e Haiti sentiram igualmente a força de Irma nesta quinta-feira. A Defesa Civil cubana decretou o máximo nível de alerta em sete de suas 15 províncias, das quais também foram evacuados 10.000 turistas.
Na iminência da chegada do furacão ao litoral de Flórida e Geórgia nas próximas horas, o presidente americano, Donald Trump, expressou sua "grande preocupação".
Espera-se que a Flórida enfrente os fortes ventos de Irma a partir da noite de sexta-feira, com ondas que pode chegar a oito metros, segundo meteorologistas.
Miami ficou mergulhada no caos devido às filas intermináveis em postos de gasolina e aos engarrafamentos nas principais estradas. Os moradores também acabaram com tudo o que havia em supermercados para se abastecer de provisões e água.
As autoridades determinaram a evacuação dos 'keys' (ilhas) da Flórida, um arquipélago situado no extremo sul do estado e onde turistas faziam malas para partir.
Depois do Irma, o Caribe enfrentará a fúria de outros dois furacões: José e Katia.
José, que segue a trajetória de Irma, ganhou força na quinta-feira e subiu para categoria 3, com ventos de até 195 km/h, segundo o NHC. Katia, de categoria 1, deve chegar à costa do estado mexicano de Veracruz também na sexta-feira.