General Alfredo Stroessner: os crimes cometidos durante o regime de Stroessner no Paraguai seguem impunes passados 25 anos de sua queda (Keystone/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 10 de fevereiro de 2014 às 14h07.
Assunção - A Direção Geral de Verdade, Justiça e Reparação do Paraguai, encarregada da exumação das vítimas da ditadura de Alfredo Stroessner (1954-1989), denunciou nesta segunda-feira à Agência Efe que não pode continuar com seu trabalho pois continua sem receber verbas públicas destinadas à busca.
O montante, cerca de 771,8 milhões de guaranis (US$ 168 mil), encontra-se em poder do Ministério da Justiça e Trabalho, o responsável por iniciar as operações de busca, afirmou Judith Rolón, presidente da Direção Geral de Verdade, Justiça e Reparação.
A organização estava há dias pedindo que o governo anunciasse onde teria parado o dinheiro destinado ao trabalho de exumação, até que na sexta-feira passada o Ministério da Fazenda notificou que os recursos estavam nas mãos do Ministério da Justiça e Trabalho.
"O Ministério da Fazenda nos comunicou que transferiu o dinheiro para o Ministério Justiça e Trabalho, ao qual pedimos que movimente já esse dinheiro e convoque a equipe nacional de busca", disse Rolón.
Segundo a lei paraguaia, corresponde ao Ministério da Justiça e Trabalho gerenciar este dinheiro e destiná-lo à Equipe Nacional para a Investigação, Busca e Identificação (Enabi).
O ministério é também o responsável por elaborar o programa de trabalho de campo e coordená-lo com outras instituições estatais e estrangeiras, como a Equipe Argentina de Antropologia Legista.
Desde abril de 2013, a Enabi exumou um total de 22 restos mortais, muitos dos quais não puderam ser identificados por causa da carência de fundos para pagar a equipe legista argentina.
A Comissão de Justiça e Verdade, antecessora da Direção Geral de Verdade, Justiça e Reparação, comprovou a existência de 425 executados ou desaparecidos durante a ditadura de Stroessner e quase 20 mil detidos, a grande maioria vítimas de torturas.
Os crimes cometidos durante o regime de Stroessner no Paraguai seguem impunes passados 25 anos de sua queda, ocorrida após um golpe militar protagonizado por seu consogro, o general Andrés Rodríguez.