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Fundação Trump admite que violou proibição de fazer negócios

A fundação reconheceu que descumpriu a lei, que impede diretores de organizações sem fins lucrativos de usar o dinheiro da instituição para fins próprios

Trump: em setembro, o "Washington Post" publicou que Trump utilizou US$ 258 mil da fundação para pagar despesas de casos judiciais (Carlo Allegri/Reuters)

Trump: em setembro, o "Washington Post" publicou que Trump utilizou US$ 258 mil da fundação para pagar despesas de casos judiciais (Carlo Allegri/Reuters)

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EFE

Publicado em 22 de novembro de 2016 às 16h11.

Washington - A fundação do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, admitiu que violou uma legislação que proíbe destinar recursos a negócios ou interesses próprios, informou nesta terça-feira o jornal "The Washington Post".

Segundo o "Washington Post", a Fundação Trump reconheceu que descumpriu a lei, que impede diretores de organizações sem fins lucrativos de usar dinheiro desse tipo de instituição para fins próprios ou para auxiliar negócios pessoais ou a família.

A confissão aparece na declaração da Agência Tributária Federal dos EUA (IRS), publicada na segunda-feira pelo site "Guidestar", especializada em instituições caridosas ou sem fins lucrativos.

Uma porta-voz do "Guidestar" confirmou que os formulários foram divulgados pelo escritório de advocacia Morgan, Lewis and Bockius, que presta serviço para a Fundação Trump.

Segundo o jornal, que não pôde comprovar se os documentos foram enviados ao IRS, a agência tributária pergunta nos formulários se a fundação transferiu "receitas ou ativos a uma pessoa desqualificada".

No contexto, "pessoa desqualificada" poderia ser Trump, um membro de sua família ou um de seus múltiplos negócios.

A Fundação Trump teria respondido "sim" à pergunta, de acordo com o documento obtido pelo "Washington Post".

Outro parágrafo da declaração pergunta se a fundação se envolveu em atos de negócios próprios ilícitos em exercícios anteriores, e a resposta voltou a ser "sim".

O descumprimento da legislação pode acarretar penas que vão desde a imposição de impostos sobre bens específicos ao requerimento que os dirigentes da fundação devolvam o dinheiro que a instituição desembolsou em seu nome.

O escritório do procurador-geral de Nova York está investigando a fundação do magnata nova-iorquino, depois de o "Washington Post" ter revelado durante a campanha presidencial casos de um possível descumprimento da lei que teria ocorrido em 2007.

Um porta-voz do procurador-geral, Eric Schneiderman, recusou fazer comentários sobre a declaração de renda e se limitou a indicar que há uma investigação em andamento sobre o caso.

A Fundação Trump existe desde 1987 e, segundo o "Washington Post", esta parece ser a primeira vez que admite ter violado a legislação para esse tipo de entidade.

Em setembro, o "Washington Post" publicou que Trump utilizou US$ 258 mil da fundação para pagar despesas de casos judiciais.

Em um dos casos, o Clube Mar-a-Lago, propriedade do empresário, Trump teria quitado uma multa de US$ 120 mil com a cidade de Palm Beach, na Flórida, onde está o empreendimento, como resultado de uma disputa sobre o tamanho de um mastro de uma de bandeira.

Para finalizar o caso, o governo local disse concordar em desistir da multa se o clube de Trump doasse US$ 100 mil a uma organização beneficente para veteranos de guerra.

Em vez disso, o magnata enviou um cheque da Fundação Trump, uma entidade beneficente financiada quase totalmente pelo dinheiro de outras pessoas, segundo os registros fiscais.

Em outros casos, um dos campos de golfe de Trump em Nova York resolveu um processo fazendo uma organização de caridade escolhida pelo litigante, um golfista que ganhou US$ 1 milhão em um torneio, mas a quem foi negado o pagamento do prêmio.

O golfista prejudicado obteve US$ 158 mil pagos pela Fundação Trump, de acordo com os mesmos registros.

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