Donos estão pagando até R$ 140 mil para contratar jatinhos para seus pets e fugir de Hong Kong (Aeroaffaires/Exame)
Nas últimas semanas estão aparecendo nas redes sociais cada vez mais fotos de pets voando em jatinhos particulares.
Todos saindo de Hong Kong. Aliás, fugindo da cidade.
A razão é a ansiedade dos moradoras da cidade asiática por causa das novas medidas restritivas contra a pandemia de Coronavírus (Covid-19) que afetam diretamente os animais de estimação.
As autoridades de saúde de Hong Kong ordenaram recentemente um massacre de hamsters depois que um funcionário encarregado de limpar as gaiolas de uma loja de animais da cidade chamada "Little Boss" contraiu Covid-19.
Os hamsters da loja foram testados e 11 deram positivo.
Por precaução, 150 clientes do pet shop foram colocados em quarentena e todos os pequenos roedores de estimação da loja, mais os vendidos nas últimas semanas em Hong Kong, foram condenados à eutanásia.
Ao todo, cerca de dois mil hamsters foram mortos.
Esses tipos de decisões fazem partes da política de "tolerância zero" contra as infecções de Covid decretada por Pequim.
O objetivo do governo chinês é "zero casos de Covid", a qualquer custo.
Diante da ordem de denunciar e entregar seus hamsters às autoridades, para que sejam suprimidos, houve protestos (por sinal muito raros em Hong Kong após o governo chinês aumentar a repressão), foi lançada uma petição para pedir que essas execuções não ocorressem, e a Organização da Lei e Proteção Animal de Hong Kong lançou uma campanha para lembrar às pessoas que o governo não tem o direito de apreender seus animais de estimação e, portanto, elas devem resistir.
Há quem tenha tentado montar uma rede para "salvar os hamsters" nas redes sociais.
Nas escolas primárias as crianças se ofereciam para organizar lugares onde os animais possam ficar em quarentena:
"Eles fazem isso para as pessoas, por que não também para os hamsters?", é a pergunta que mais aparece nas redes sociais.
Os cientistas internacionais nunca manifestaram preocupação particular com a contagiosidade dos animais de estimação.
Por isso, o caso dos hamsters demonstra o constante clima de pânico com a disseminação do coronavírus na China, apesar do sucesso aparente do gigante asiático na contenção.
Esta situação de tolerância zero está levando muitos residentes estrangeiros a abandonar Hong Kong.
A Câmara de Comércio dos EUA de Hong Kong realizou uma pesquisa mostrando que 40% dos residentes americanos na cidade gostariam de ir embora.
Quem já está partindo tem o problema de levar cães ou gatos juntos.
Os custos são muito altos, porque os poucos aviões comerciais que ainda estão voando já estão todos totalmente carregados, mesmo nos porões.
Para esse êxodo, os estrangeiros estão alugando jatinhos particulares especiais para transportar seus animais de estimação, ao custo de 200.000 dólares de Hong Kong (aproximadamente R$ 140 mil).
Com esse valor eles compra um bilhete duplo: para o dono e para o cachorro ou gato. E, obviamente, os donos desses bichos não perdem ocasião para postar fotos da fuga nas redes sociais.
Mas essa "fuga dos pets" de Hong Kong é apenas um sintoma pitoresco de algo muito mais grave que está ocorrendo na metrópole asiática.
A população de Hong Kong caiu 1,2% no primeiro semestre de 2021, de acordo com os últimos registros do censo.
O rigoroso regime de quarentena do território está levando muita gente a abandonar a cidade. Além dos estrangeiros, um número crescente de cidadãos de Hong Kong está fugindo para o Reino Unido, Austrália e Canadá após a dura repressão da China contra os protestos democráticos em 2019.