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Fuga de militares ucranianos aumenta desafios na guerra contra Rússia

Embora as forças armadas da Ucrânia tenham 1 milhão de pessoas, apenas cerca de 350 mil participam do serviço ativo

Soldado ucraniano em posto de controle na vila de Malinivka, no leste do país (Marko Djurica/Reuters)

Soldado ucraniano em posto de controle na vila de Malinivka, no leste do país (Marko Djurica/Reuters)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 2 de dezembro de 2024 às 09h17.

Mais soldados ucranianos desertaram nos primeiros 10 meses deste ano do que nos dois anos anteriores da guerra, mostrando a dificuldade de Kiev para repor suas fileiras da linha de frente enquanto a Rússia captura mais território no leste do país.

Segundo reportagem do Financial Times, no final de outubro, centenas de soldados de infantaria servindo na 123ª Brigada da Ucrânia abandonaram suas posições na cidade de Vuhledar. Eles retornaram para suas casas na região de Mykolayiv, onde alguns fizeram um raro protesto público exigindo mais armas e treinamento.

Os promotores ucranianos abriram 60.000 casos entre janeiro e outubro deste ano contra soldados por abandonarem suas posições, quase o dobro dos registrados em 2022 e 2023 juntos. Se condenados, os homens podem ficar até 12 anos presos.

Hoje, a idade mínima para recrutamento na Ucrânia é 25 anos. Os EUA já pediram para que a idade fosse revisada para 18 anos.

Momento desafiador para Kiev

Mesmo sendo proibidos de deixar o país, homens em idade militar aproveitam a oportunidade de serem enviados para campos de treinamento em países aliados para desertar. Doze fogem em média a cada mês do treinamento militar na Polônia, disse um oficial de segurança daquele país ao FT.

O aumento nas deserções está agravando ainda mais uma situação já terrível para Kiev. Nos últimos meses, a vantagem de mão de obra da Rússia permitiu que ela conquistasse territórios em um ritmo mais rápido do que em qualquer outro momento desde o início da guerra, em 2022.

Ao mesmo tempo, a incapacidade da Ucrânia de "fazer rodar" seu efetivo, dando eventuais descansos para tropas exaustas, levou a baixas e assustou homens que poderiam ter sido recrutados.

Embora as forças armadas da Ucrânia tenham cerca de 1 milhão de pessoas, apenas cerca de 350.000 participam do serviço ativo. A maioria das deserções acontece com com quem está na linha de frente da batalha, os soldados.

Para encorajar os homens a retornarem às suas posições, o parlamento da Ucrânia votou em 21 de novembro para enfraquecer as regras que puniam desertores, permitindo que as acusações fossem retiradas contra os primeiros infratores que depois retornaram às unidades.

As autoridades da Ucrânia estão tentando recrutar aproximadamente 160.000 homens a mais nos próximos três meses. Mas os oficiais de recrutamento ganharam uma má reputação depois que vários foram filmados espancando e arrastando homens.

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