Brexit: Reino Unido e União Europeia farão uma nova reunião em novembro (Clodagh Kilcoyne/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 20 de setembro de 2018 às 10h55.
Paris - O futuro da fronteira entre Irlanda, país da União Europeia, e Irlanda do Norte, território britânico, bloqueou nesta quarta-feira, 19, as negociações sobre o Brexit no primeiro dia da cúpula convocada para discutir a separação, que precisa ser sacramentada até março. A proposta da primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, não prevê checagens alfandegárias, mesmo que os dois lados não firmem um acordo de livre-comércio após a separação.
A proposta foi apresentada em 12 de julho. Os britânicos querem a criação de uma área de livre-comércio para bens industriais e produtos agrícolas. Assim, May pretendia evitar que uma fronteira física seja construída entre Irlanda e Irlanda do Norte, tema mais sensível das negociações em razão do movimento de unificação da ilha.
A proposta, porém, foi recusada pelo presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, encarregado de representar os interesses dos 27 países da UE. Na prática, Bruxelas ampliou a pressão sobre May e o risco de um "Brexit duro", ou seja, sem acordo entre as partes. Em razão do impasse, uma nova reunião será convocada para novembro, à espera de uma nova proposta britânica. "Há mais esperança, mas há seguramente cada vez menos tempo", afirmou Tusk.
A futura relação comercial entre UE e Reino Unido e a fronteira da Irlanda são os temas mais urgentes, mas não os únicos que ainda estão sem solução. May nem sequer apresentou uma proposta concreta sobre como lidar com imigrantes europeus no Reino Unido, e de britânicos no continente. "Se quisermos chegar a uma saída positiva, da mesma forma que o Reino Unido mudou sua posição, a UE terá de evoluir na sua", disse a premiê. "Estou confiante de que, com um pouco de boa vontade e de determinação, poderemos chegar a um acordo benéfico para as duas partes."
Na cúpula que termina nesta quinta-feira, 20, também serão discutidas a reforma da política migratória e as mudanças constitucionais que teriam de ser realizadas por Hungria e Polônia para cumprir as exigências de autonomia do Judiciário, liberdade de imprensa e atividade de ONGs. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.