Le Pen: "Bannon encarna a rejeição ao sistema, que tem como um dos piores símbolos a União Europeia (UE) de Bruxelas" (Benoit Tessier/Reuters)
AFP
Publicado em 10 de março de 2018 às 12h59.
A Frente Nacional (FN) francesa inicia neste sábado um congresso que deve mudar o nome do partido de extrema-direita em busca de um novo impulso, após a derrota na eleição presidencial de 2017.
O congresso da FN terá a presença de Steve Bannon, ex-conselheiro do presidente presidente americano Donald Trump, que discursará durante o evento.
"Bannon encarna a rejeição ao sistema, que tem como um dos piores símbolos a União Europeia (UE) de Bruxelas, e compreendeu, como Trump e Matteo Salvini (líder da Liga Italiana, aliada da FN), a vontade das pessoas de voltar a assumir seus destinos", afirmou Louis Aliot, vice-presidente da Frente Nacional.
Candidata única ao comando do partido, Marine Le Pen tem a reeleição assegurada no domingo como líder da principal formação de extrema-direita da França.
Entre seus planos para obter apoio, Le Pen anunciou a intenção de mudar o nome do partido cofundado em 1972 por seu pai, o polêmico Jean-Marie Le Pen, para romper definitivamente com a imagem antissemita e racista da FN, que assusta muitos franceses.
"Estamos em um momento chave da história de nosso movimento. É um encontro com o país que não devemos desperdiçar", afirmou Marine Le Pen, derrotada na eleição presidencial por Emmanuel Macron, mas que conseguiu obter um recorde de 11 milhões de votos (33,9%) no segundo turno.
A imagem de Marine Le Pen, no entanto, foi seriamente abalada após o último debate na TV com o candidato vencedor, o que afetou sua credibilidade e provocou vários questionamentos sobre sua competência.
Por meio de um questionário enviado aos 51.000 filiados da FN, os membros do partido aprovaram por curta maioria o princípio de uma mudança de nome. A nova designação, que será anunciada por Marine Le Pen durante o congresso de Lille (norte), será submetido a uma votação.
Mas Jean Marie Le Pen, de 90 anos, já afirmou que a filha comete uma "traição a história do movimento", com a mudança de nome. O pai de Marine está proibido de entrar no congresso da FN.
Marine Le Pen, de 49 anos, evita falar sobre a disputa com o pai e afirmou recentemente que seu objetivo é "transformar definitivamente este partido de oposição em um partido de governo".
A líder antieuropeia e anti-imigração decidiu mudar o nome do partido por estar convencida de que é um passo necessário para, um dia, estabelecer alianças com outros partidos.
A perda do nome histórico do movimento, no entanto, não agrada todos os simpatizantes. Para muitos, o problema não é a designação e sim a equipe que comanda a FN.