Membro de força de paz da ONU nas Colinas de Golã, na fronteira com a Síria (Ronen Zvulun/Reuters)
Da Redação
Publicado em 31 de agosto de 2014 às 10h59.
A Frente Al Nusra, o braço sírio da Al Qaeda, reivindicou o sequestro de mais de 40 capacetes azuis de Fiji detidos há quatro dias nas Colinas de Golã na Síria, segundo o centro americano de vigilância de páginas islamitas SITE.
Este grupo, que luta contra o regime do presidente Bashar al-Assad na Síria, afirmou que estava tratando bem os soldados, em um comunicado reproduzido pelo SITE na noite de sábado.
A Al Nusra publicou fotos de 45 capacetes azuis, membros da FNUOD, a Força das Nações Unidas encarregada de observar a zona entre Israel e Síria, sequestrados desde quinta-feira.
A ONU indicou que 44 soldados haviam sido capturados. Afirmou que estavam nas mãos de grupos rebeldes, mas não especificou quais.
Washington havia acusado do sequestro a Frente Al Nusra, que está incluída em sua lista negra de "organizações terroristas estrangeiras". O Conselho de Segurança da ONU também a incorporou à lista de grupos terroristas.
Em seu comunicado, a Frente Al Nusra diz deter os capacetes azuis em represália pela cumplicidade da ONU com o regime criminoso de Bashar al-Assad, que trava uma guerra sem piedade contra os insurgentes há mais de três anos.
"Durante todos estes anos, as Nações Unidas têm tentado estar ao lado dos sírios em sua revolução e em sua luta contra o regime criminoso, mas não adotaram nem mesmo uma resolução para colocar fim a estes crimes", indica o comunicado.
"No entanto, a ONU aprovou várias resoluções por unanimidade contra os jihadistas, impondo sanções à Frente Al Nusra ou colocando-a na lista de organizações terroristas", acrescenta o texto.
Os jihadistas estão muito presentes no conflito na Síria, onde o Estado Islâmico e a Al Nusra são rivais, apesar de compartilharem a mesma ideologia jihadista.
Os capacetes azuis foram capturados após violentos combates entre o exército e grupos insurgentes incluindo a Al Nusra, perto de Quneutra, na zona tampão delimitada em 1974, onde a FNUOD patrulha.
Outros 75 capacetes azuis, filipinos, que estavam bloqueados devido aos combates, estão agora sãos e salvos, segundo o governo filipino.
Um primeiro grupo de 35 soldados filipinos havia sido evacuado de sua posição no sábado por veículos blindados da ONU, depois que rebeldes sírios atacaram seus companheiros que estavam a 4 km de distância, indicou o tenente-coronel Ramón Zagala.
Os outros 40 soldados enfrentaram os rebeldes sírios durante "um tiroteio que durou sete horas", mas finalmente puderam, se aproveitando da escuridão da noite, chegar a pé a uma posição da ONU a 2 km de onde estavam, disse.
Posteriormente foram levados ao acampamento Ziuani, situado atrás das linhas da ONU, disse Zagala à AFP. "Não há mais confrontos. Todos estão em condições seguras", acrescentou.