O advogado Alipio Barbero: o escândalo dos bebês roubados saiu à luz em 2010. (©afp.com / Pedro Armestre)
Da Redação
Publicado em 18 de janeiro de 2013 às 14h48.
Madri - A Justiça espanhola investiga um segundo caso de "bebês roubados", em que estaria envolvida uma religiosa de 87 anos, primeira pessoa a ser indiciada no escândalo que teria afetado milhares de pessoas, afirmou nesta sexta-feira o advogado encarregado do caso.
O depoimento da freira María Gómez Valbuena neste segundo caso, em que ela é acusada por Purificación Betegón de roubar suas filhas gêmeas nascidas em 1981, em Madri, foi adiado por tempo indeterminado por "por motivos de saúde", anunciou o advogado, Alipio Barbero.
"Purificación Betegón teve em 1981 duas gêmeas e quando avisou a María que não queria dar suas filhas para adoção, elas acabaram mortas", explicou o advogado à imprensa na saída do tribunal, sem dar maiores detalhes.
A religiosa esteve, pela primeira vez, perante o juiz no dia 12 de abril durante uma investigação sobre o roubo de uma bebê em 1982, na clínica Santa Cristina de MadriLuísa, onde trabalhava a freira.
A mãe da bebê, María Luisa Torres, que voltou a encontrar sua filha em 2011, acusa a freira de roubar a menina, que lhe confiou temporariamente em troca de remuneração, até que se encontrasse numa situação econômica mais confortável.
O escândalo dos bebês roubados saiu à luz em 2010, com as primeiras testemunhas de adultos que decidiram tirar o véu do silêncio sobre o assunto.
Segundo diferentes associações, cerca de 1.500 denúncias foram apresentadas em toda a Espanha. Uma destas organizações chamadas Anadir considera que cerca de 300 mil bebês teriam sido roubados durante a ditadura de Franco (1939-1975) até o início dos 80 na Espanha, que não contava com uma lei de adoções até 1987.
Frente a este escândalo, as autoridades tomaram medidas para favorecer as buscas das famílias como a exumação de corpos.