Protestos: o presidente francês, François Hollande, disse que não irá recuar nos elementos centrais da reforma proposta (Jean-Paul Pelissier / Reuters)
Da Redação
Publicado em 31 de maio de 2016 às 13h10.
Paris - O governo da França agiu nesta terça-feira para acalmar os protestos contra uma reforma da lei trabalhista antes do início do Campeonato Europeu de futebol que dura um mês, anunciando um aumento salarial para os professores e prometendo acelerar as conversas sobre reorganização com a estatal do setor ferroviário SNCF.
O gabinete socialista do primeiro-ministro francês, Manuel Valls, está fazendo um apelo ao sindicato linha-dura CGT, que lidera uma greve de ferroviários nesta terça-feira, a propor saídas para o confronto decorrente de um projeto de lei que facilitaria contratações e demissões.
O presidente francês, François Hollande, disse que não irá recuar nos elementos centrais da reforma proposta.
Mas na segunda-feira ele procurou impedir que uma série de insatisfações se transformassem em um movimento de protesto mais amplo restabelecendo o financiamento para pesquisas e prometendo dinheiro público para resolver uma disputa a respeito do seguro-desemprego de artistas.
Hollande também insinuou em uma entrevista ao jornal Sud-Ouest que irá anunciar um abrandamento nos cortes de financiamento estatal para autoridades locais quando discursar em um congresso de prefeitos nesta semana.
Nesta terça-feira o governo anunciou um aumento salarial para os professores no valor de 1 bilhão de euros até 2019, e diante da perspectiva de uma greve de ferroviários ainda na terça-feira disse que passou à frente dos dirigentes da SNCF para agilizar as negociações sobre uma reorganização.
"Precisamos acelerar as coisas", disse o ministro dos Transportes, Alain Vidalies, à rádio France Inter, referindo-se à desavença que envenenou as relações com a estatal.
A direção da SNCF havia sido exortada a apresentar suas propostas finais de reorganização aos sindicatos até a próxima segunda-feira para ajudar a melhorar o ambiente.
A paralisação dos trens e os clamores por greves em outros setores do transporte no final desta semana criaram o espectro de um caos quando a França sediar a Euro 2016, entre 10 de junho e 10 de julho, quando cerca de 2,5 milhões de torcedores são esperados nas 51 partidas entre 24 times, incluindo 1,5 milhão de visitantes estrangeiros.
Embora Hollande tenha rejeitado a exigência do CGT para que a reforma trabalhista seja descartada, seus ministros disseram ter esperança de desarmar o conflito se o líder do CGT, Philippe Martinez, se mostrar disposto a isso.
Na manhã de segunda-feira, Martinez disse durante um debate na rádio RTL: "Vamos conversar de novo", acrescentando que "não há pré-condição".