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Agência de notícias
Publicado em 6 de abril de 2023 às 11h19.
Os franceses saíram às ruas nesta quinta-feira, 6, para a 11ª jornada de protestos contra a reforma da Previdência do presidente Emmanuel Macron, oito dias antes de uma decisão crucial do Conselho Constitucional que poderia desbloquear um conflito social.
"A única solução é a retirada da reforma", afirmou no início da manifestação em Paris a nova líder do sindicato CGT, Sophie Binet, para quem, diante da "profunda revolta", o governo "atua como se nada estivesse acontecendo" e "vive em uma realidade paralela".
Escolas e universidades foram bloqueadas, algumas viagens de trens foram canceladas, o fluxo está "quase normal": o movimento de protesto continua, mas perdeu força e a crise chegou a um momento de estagnação.
Uma reunião na quarta-feira entre a primeira-ministra, Élisabeth Borne, e os líderes sindicais serviu apenas para constatar que os dois lados mantêm suas posições inflexíveis e aguardam a decisão do Conselho Constitucional, marcada para 14 de abril.
O governo se nega a desistir a reforma, que aumenta idade de aposentadoria de 62 para 64 anos a partir de 2030 e antecipa para 2027 a exigência de contribuição por 43 anos, e não mais 42, para o direito a uma pensão integral. As medidas são rejeitadas por dois terços dos franceses, de acordo com as pesquisas.
A apresentação da reforma em janeiro provocou uma onda de protestos, que ficou ainda mais radical em 16 de março, quando o presidente francês Emmanuel Macron decidiu adotar a lei por decreto, devido ao temor de uma derrota no Parlamento, onde o governo não tem maioria absoluta.
O governo afirma que elevar uma das menores idades de aposentadoria da Europa permitirá evitar um futuro déficit no fundo previdenciário, mas os críticos afirmam que a reforma pune as mulheres com filhos e as pessoas que começaram a trabalhar muito jovens.
Desde 7 de março, quando os sindicatos mobilizaram 1,28 milhão de pessoas, segundo a polícia, e 3,5 milhões, de acordo com o sindicato CGT, as manifestações perderam intensidade. Em 28 de março, 740.000 e 2 milhões de pessoas saíram às ruas.
As autoridades esperam entre 600.000 e 800.000 manifestantes nas ruas nesta quinta-feira. A França vive, de acordo com o cientista político Dominique Andolfatto, um "momento intermediário antes da decisão do Conselho Constitucional".
Todas os olhares estão voltados para o Conselho Constitucional. A decisão sobre a validade ou não da reforma marcará a evolução de um conflito social arraigado e que beneficia, segundo analistas e as pesquisas, a líder de extrema-direita Marine Le Pen.
O líder do sindicato moderado CFDT, Laurent Berger, culpou Emmanuel Macron pela situação e fez um alerta ao presidente sobre a "crise democrática" e o "risco de ascensão da extrema-direita".
A equipe do presidente liberal de 45 anos rejeita a análise e destaca que a reforma estava no programa da campanha, com o qual ele conseguiu a reeleição em 2022 com quase 59% dos votos no segundo turno contra Le Pen.
Para Andolfatto, uma "saída" possível para a continuidade do movimento social, em caso de validação da reforma, é que os integrantes do Conselho Constitucional aceitem o referendo sobre a idade de aposentadoria solicitado pela oposição de esquerda, o que bloquearia temporariamente a lei.