A mensagem "Paris é Charlie" é projetada no Arco do Triunfo, em Paris, na França (Youssef Boudlal/Reuters)
Da Redação
Publicado em 22 de janeiro de 2015 às 17h02.
Paris - A França anunciou novas medidas nesta quinta-feira para ajudar as escolas a combaterem o islamismo radical, o racismo e o antissemitismo, em mais uma das reações aos ataques de militantes islâmicos há duas semanas em Paris.
As medidas, incluindo o treinamento adicional de professores e a inclusão da educação cívica e ética no currículo secular do país, foram anunciadas depois de dezenas de escolas reclamarem de alunos que se recusaram a participar do minuto de silêncio em homenagem às vítimas observado em 8 de janeiro em todo país.
Os símbolos franceses tais como a bandeira e o hino vão ser explicitamente celebrados, e 9 de dezembro será destacado como o "Dia do Secularismo".
Alunos pobres vão receber mais bolsas e serão feitos esforços para tornar as escolas mais socialmente diversificadas.
Mil pedagogos vão receber treinamento para ajudar professores a lidar com os questionamentos dos alunos sobre a tradição secular francesa, cidadania e preconceitos, criando um sistema de alerta precoce para identificar e lidar com comportamentos preocupantes desde o início.
Três homens de origem argelina e africana mataram 17 pessoas durante três dias de violência na França, iniciada com um ataque contra o jornal semanal satírico Charlie Hebdo e terminada com um cerco a um supermercado judaico em Paris.
Foram relatados ao Ministério da Educação cerca de 200 incidentes em que o minuto de silêncio nacional foi desrespeitado em escolas, e nas redes sociais surgiram relatos sobre os questionamentos observados entre muitos alunos em relação aos limites da liberdade de expressão.
Poucos contestam que muitas crianças, principalmente de origem migrante, sentem-se excluídas no sistema escolar francês, já considerado um dos melhores do mundo mas hoje deixando transparecer algumas falhas.
Ainda assim, não há consenso sobre as causas e as soluções para a situação. "Tem havido um longo código de silêncio sobre esse tipo de problema no sistema nacional de educação", disse Valerie Marty, presidente da associação nacional de pais Peep.
Outros argumentam que a principal causa se encontra no isolamento das populações imigrantes em zonas desprivilegiadas das periferias das grandes cidades.